1. Inicia-se na presente data, em Lisboa, a Web Summit 2016*, o maior encontro internacional que, na Europa, reúne especialistas e empreendedores no domínio das tecnologias e negócios em rede. Adivinha-se, portanto, que estes três dias da comunicação social portuguesa fiquem preenchidos pelo tema e pela hegemonia da língua que o veicula, o inglês. Para conter o maremoto de anglicismos que já devastam o discurso mediático, observe-se que muitos deles já têm equivalente em português, a começar pelo termo web summit, substituível por «conferência global de tecnologia», ou, como aqui já foi assinalado, «cimeira de tecnologia de informação». E as start-ups? Não se lhes retirará dinamismo nem importância se forem denominadas «empresas emergentes».
* Sobre esta conferência da tecnologia global em Lisboa, de 7 a 10 de novembro, veja-se ainda: 18 coisas que tem de saber sobre a Web Summit + A organização da Web Sumit 2016 por Portugal
2. Outro tema da atualidade, com o inglês igualmente como pano de fundo, são as eleições presidenciais nos EUA, em 8 de novembro p. f. País de tão grande influência à escala mundial, a marca linguística que tem deixado em tantas línguas revela-se também no português. Como se pode (re)ver na consulta das seguintes respostas e artigos disponíveis no arquivo do Ciberdúvidas: "Língua e cultura na política externa portuguesa", "Norte-americano, ou americano?", "Estado-unidense, estadunidense, norte-americano", "Russo-norte-americano", "Os naturais de Nevada (Estados Unidos da América)", "Secretário norte-americano da defesa", "O triunfo do OK". Leia-se ainda o que aqui foi abordado sobre a palavra suspense, que bem define o clima destas eleições.
3. Prova de que o poder da tecnologia anda associado à preponderância do inglês é o tópico em debate na rubrica Controvérsias: como traduzir o anglicismo error, tão conhecido de quem opera com computadores? Terá sentido dizer que uma máquina «deu erro»? Quais são os limites do campo semântico da palavra erro? O tradutor Gonçalo Neves e o advogado Miguel Faria de Bastos lançam a discussão.
4. Chora-se «a perda de alguém», ou «a perca de alguém»? Arlinda Mártires deixa no Pelourinho um breve apontamento sobre a forma perca, muito usada em vez de perda, palavra tradicional, corretíssima e preferível.
5. Regressa o consultório neste dia com cinco novas perguntas:
– «Pode-se conhecer uma pessoa», ou «pode conhecer-se uma pessoa»? Onde colocar o pronome pessoal se?
– «De tanto que falei, fiquei rouco» é uma frase correta?
– O substantivo que corresponde a ciciar é "cício"?
– O diminutivo gatinho é uma forma da palavra gato ou é palavra diferente?
– Que função sintática tem o pronome pessoal nos em «ele era-nos muito querido»?
6. Como que num regresso a casa, às origens e aos laços de parentesco, assinale-se que, na Galiza, o diário oficial do governo autonómico desta região de Espanha passou a disponibilizar uma versão em língua portuguesa. A tradução é automática, mas este pode ser um passo para a aproximação que certos setores da sociedade galega têm afirmado como necessária para a promoção do próprio galego.
7. Um registo final para o lançamento do novo Portal de Serviços + simples + acessível do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, na terça-feira, dia 8/11/2016.