« (...) Salve com a sua ajuda todas as palavras postas em perigo porque delas se precisa até para rezar. Apresse-se, Senhora, e receba [esta] prece. (...)»
Levado por mão amiga fui de visita à Aldeia das Dez. Linda na sua luxúria de verde. Quem subir a uma varanda e se virar para norte, verá a garganta que separa a serra da Estrela da do Alvor.
Descendo com o olhar para o chão terá diante de si um vale onde assentam os sopés das duas serras.
De manhã, quando surgem os raios de oiro do sol anunciando-se por detrás do Alvor um manto de nevoeiro denso e leitoso cobre todo o vale.
O cimo das duas serras; a do Alvor verde de tanta árvore, a da Estrela como se fosse a superfície lunar, na cor.
No Vale da Maceira,o lindíssimo Santuário da nossa Senhora das Preces. E se não fosse a Senhora das Preces não me atreveria a pedir-lhe que interceda junto dos que nela têm fé para que não ponham em perigo a tão amada linda língua portuguesa.
Ó Nossa Senhoras das Preces interceda para que de futuro quem estiver muito doente a bater às portas da morte e esteja desprotegido não ponha em perigo a ortografia e faça o milagre para salvar não só o doente, mas também o português.
Lembre-se a Senhora do que sofre a nossa língua com tanto delete, low cost, shopping, startup, take away and so on.
A Senhora sempre falou português com seus pais e familiares e amigos, pois que as santas também vivem como as outras pessoas, exceção feita à santidade.
Salve com a sua ajuda todas as palavras postas em perigo porque delas se precisa até para rezar. Apresse-se, Senhora, e receba a prece.
[texto transcrito, com a devida vénia ao autor, do bloque "O Chocalho", colocado aí no dia 1 de novembro de 2016.]