1. O Dia de São Martinho celebra-se, em Portugal, a 11 de novembro, recordando o santo gaulês e o seu gesto de humanidade, ao partilhar o seu manto com um pedinte. É tipicamente um dia de convívio popular, que aproxima familiares e amigos à volta do tradicional magusto acompanhado pela água-pé ou pela jeropiga. Mandam os costumes também que nesta data se prove o vinho novo, o que fica bem marcado pelo provérbio «No dia de São Martinho, vai à adega e prova o vinho». Constitui esta uma boa oportunidade para recordar algum material relacionado com o tema disponível no repositório do Ciberdúvidas: «Castanha», «Água-pé», «A propósito de jeropiga», «Jeropiga, de novo», «Magusto», «O neologismo castaneícola», «Mangusto» e «Cuidado com a Língua! com uma vendedora de castanhas».
2. Este ano, porém, em Portugal, devido à nova declaração de estado de emergência, os convívios sociais serão muito limitados. O Estado de emergência IV entrou em vigor no dia 9 de novembro, condicionando, mais uma vez, a vida dos portugueses, o que justifica a entrada desta expressão no A covid-19 na língua. Esta situação traz consigo novas expressões que se relacionam com as medidas implementadas, como Rastreio, Recolher obrigatório II ou Controlo da temperatura, e motiva igualmente as entradas (regressar à) Estaca zero e «Luz ao fundo do túnel ?». É também no âmbito da evolução da pandemia que se constata que, em Portugal, as Mulheres são mais afetadas pela covid-19 do que os homens. Nesta atualização do glossário, podem ainda consultar-se os termos «A pão e água», Animação da pandemia, Ciência, Compaixão, Falso negativo, Falso positivo, Preocupação, Meme, «Não deixar para amanhã» e Zaragatoar.
3. A análise política da situação atual em Portugal tem trazido à tona de água as palavras cumplicidade e consonância para descrever as relações entre o Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa e o primeiro-ministro António Costa. Os sentidos ativados na utilização destes termos podem dizer muito sobre as intenções de quem os usa, como explica a professora Carla Marques, em novo apontamento na rubrica O Nosso Idioma.
4. A simples realização de um teste rápido promovido por um organismo oficial português pode obrigar-nos a constatar que em Portugal pode estar a ter lugar uma colonização anglófona, pois num local público de um país de língua portuguesa todas as indicações surgem em inglês, como nos conta José Mário Costa neste seu apontamento para o Pelourinho.
5. Atentando na atualidade noticiosa relacionada com o tufão Goni e a tempestade Atsani, Sara Mourato explica, numa breve nota, que, em português, a grafia destes fenómenos não necessita de nenhum destaque (plica ou itálico).
6. O uso e a combinação correta dos tempos e modos verbais oferece, por vezes, dúvidas aos utilizadores da língua. Nesta resposta, incluída na atualização do Consultório, sistematizam-se algumas possibilidades combinatórias entre o verbo da oração subordinante e o da oração subordinada, atentando ainda nos sentidos que se geram. Disponibilizam-se também duas respostas que analisam a correção das expressões «quanta vez» e «o quanto antes» e ainda a análise sintática da função de um pronome relativo e a explicação de alguns termos específicos da área da fonética e da fonologia.
7. A utilização do pronome você foi, durante muito tempo, duramente reprimida em Portugal. Todavia, o seu uso, embora se mantenha desadequado, persiste. Analisando este facto da língua, a professora e investigadora Margarita Correia, no artigo «Você é estrebaria?», aborda esta expressão em particular e equaciona uma possível evolução da norma (publicado no Diário de Notícias e aqui partilhado com a devida vénia).
8. O linguista brasileiro Aldo Bizzocchi reflete sobre a evolução da língua popular e a da norma-padrão no Brasil, num texto onde se rejeita a substituição da segunda pela primeira, num apontamento divulgado pelo autor na sua página de Facebook e aqui partilhado com a devida vénia.
9. Entre as notícias de interesse, destaque para as seguintes :
— O projeto #EstudoemCasa, na RTP Memória,que vai passar a integrar conteúdos para o ensino secundário e ensino profissional na sua página da internet (notícia aqui);
— O novo canal dedicado ao Conhecimento promovido pela televisão pública portuguesa – que, juntamente, com a RTP África, passará a integrar a Televisão Digital Terrestre (TDT).*
* Atualmente, estão disponíveis na TDT a RTP1, RTP2, RTP3, RTP Memória, SIC, TVI e o canal Parlamento (AR TV).
— A possibilidade de se (re)ver as conferências apresentadas no XXII Colóquio de Outono, com o tema Populismos e suas linguagens, organizado pelo Centro de Estudos Humanísticos da Universidade do Minho, nos dias 5 e 6 de novembro de 2020 ( in rubrica Notícias);
— O vídeo da gravação da mesa-redonda subordinada ao tema Gênero em foco, que juntou os professores e linguistas brasileiros Rosane Reis, Aldo Bizzocchi e Pablo Jamilk.
10. Uma nota final para a rubrica Correio, onde se divulga o agradecimento de um consulente por uma resposta do nosso consultor Gonçalo Neves.