Não me parece clara qual a questão levantada pelo consulente, mas calculo que a intenção seja documentar a grafia "geropiga" em textos ingleses do século XIX, talvez de modo a indicar que esta forma é que é legítima e não a que actualmente se consagra, que é com j: jeropiga.
Não podendo determinar com segurança a origem da palavra, fica-se sem saber muito bem se g inicial tem alguma hipótese de ser mais correcto que j inicial. Dois dos dicionários etimológicos consultados (Dicionário Etimológico Resumido, de Antenor Nascentes, e Grande Dicionário Etimológico Prosódico da Língua Portuguesa, de Silveira Bueno) retomam uma explicação de Cândido Figueiredo que não tem confirmação: segundo este lexicógrafo, a palavra jeropiga relacionava-se com uma palavra supostamente castelhana, jaropiga ou jeropiga, que derivaria do castelhano jarabe, cognato do português xarope, por ambos, vocábulo castelhano e vocábulo português, terem origem no árabe xarāb, «bebida, poção» (Dicionário Houaiss). Sucede, porém, que não encontro jaropiga/jeropiga atestada em espanhol (ver Dicionário da Real Academia Espanhola).
Sei que Camilo Castelo Branco distinguia "geropiga" de jeropiga, mas não encontro outras fontes que apoiem tal distinção.1 Outros lexicógrafos não chegam sequer a arriscar uma hipótese; como já aqui dissemos, José Pedro Machado, no Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa, diz simplesmente que o termo tem origem obscura.
1 A distinção feita por Camilo encontra-se no texto "O vinho do Porto: uma bestialidade ingleza. Exposição a Thomaz Ribeiro" e pode ser bem uma mera especulação ao serviço dos intuitos polemistas do escritor.