
Se falar fosse etiquetar as coisas deste mundo, seria impossível dizer «meus amores e minhas amoras», porque dificilmente se desenvolveria o valor estético da linguagem. Porém, a história mostra que a imaginação humana permite associações que depois se fixam em palavras e expressões, como pão-duro e «à lei da bala». As palavras são, também, modos de ver: muro é muita coisa diferente; e designar a mesma coisa, por exemplo, a simples bossa de um dromedário, pode envolver nomes distintos. E é preciso não esquecer que as palavras se regem por princípios mentais que interagem com a tradição: têm sílabas, contextos específicos, representações gráficas, que, como a vida, não resistem ao tempo. Mas, enquanto este passa, colhamos com amor as palavras como frutos.