1. Aceita-se que Luís Vaz de Camões nasceu há 500 anos, em 1524, já no reinado de D. João III. Camões viveu, portanto, a sua juventude no auge do poderio marítimo e comercial português nas margens do Atlântico sul e do Índico, mas presenciou também o começo do declínio deste império, ao qual não deixou de se referir na sua obra maior, Os Lusíadas. As comemorações do aniversário ainda parecem discretas, mas a comunicação social já vai assinalando a efeméride, por exemplo, para noticiar que um problema antigo dos estudos camonianos encontrou resolução: o da existência de uma contrafação de Os Lusíadas, surgida logo depois da primeira edição, em 1572 (na imagem), graças à aturada investigação da filóloga portuguesa Rita Marnoto (Universidade de Coimbra). Resistindo à atual exigência crítica quanto ao passado expansionista e colonial, o interesse por Os Lusíadas perdura, e, para comprová-lo, a consultora Inês Gama realça, em O Nosso Idioma, o papel de Camões para conferir identidade à lingua portuguesa. Este artigo inclui em registo vídeo o modo como vários jovens, estudantes do Iscte-Instituto Universitário de Lisboa, recitam hoje o famoso primeiro verso da grande epopeia de língua portuguesa, de nítida inspiração clássica e virgiliana: «As armas e o barões assinalados...».
Sobre Camões, (re)leiam-se ainda os seguintes conteúdos: "Alguém hoje fala ou escreve como Camões, ou Vieira?!", "O português como língua de Camões é um mito", "Lembrar Luís de Camões, 'numa época de apoucamento da língua'", "O apelido Camões...", "A origem do adjetivo lusíada".
2. Enquanto a guerra alastra no Médio Oriente e o autoritarismo, aliado ao populismo, se instala paulatinamente nos governos de diferentes países, os líderes empresariais e políticos reúnem-se no Fórum Económico Mundial que se realiza em Davos, na Suíça. Como se pronuncia este topónimo? Tal como se escreve ou procurando seguir a pronúncia alemã original? Esta é uma das questões chegadas ao Consultório, no qual se abordam ainda os seguintes tópicos: a anáfora, o género de cisma, a expressão «tempo da outra senhora», os pronomes e determinantes possessivos, o verbo aliar, a concordância com o pronome indefinido tudo, o plural de auto.
3. Às vezes, no calor da comunicação mediática, os políticos valem-se retoricamente do que for preciso, e, neste contexto, a linguagem mais vulgar não é despicienda. Em Portugal, por exemplo, um líder partidário referiu-se à chamada «questão dos CTT» como um sinal de bandalheira, vocábulo de origem popular e intenção pejorativa. Também na rubrica O Nosso Idioma se assinala este caso, num apontamento da consultora Sara Mourato, que se centra no uso da palavra em apreço.
4. Na rubrica A covid-19 na língua, uma nova entrada, a de «doença X», denominação da Organização Mundial da Saúde (OMS) «para qualquer novo patógeno desconhecido suscetível de causar doenças e, potencialmente, vir a configurar uma epidemia no futuro».
5. As universidades portuguesas recebem numerosos estudantes dos países africanos de língua oficial portuguesa e de Timor-Leste. Contudo, as condições em que são recebidos podem estar muito longe de aceitáveis, com consequências negativas no seu desempenho escolar, segundo um estudo do Instituto Politécnico de Bragança. Pormenores sobre este assunto nas Notícias.
6. Dois registos da atualidade respeitante à língua portuguesa:
– A inclusão de três autores de língua portuguesa – os brasileiros Itamar Vieira Júnior e Stênio Gardel, e o moçambicano Mia Couto – na lista de nomeados para o Prémio Literário de Dublin – em inglês, International Dublin Literary Award, e, em irlandês, Duais Liteartha Idirnáisiúnta Bhaile Átha Chliath (Jornal de Notícias, 16/01/2024).
– Os cursos de português que, em Portugal, se organizam para comunidades imigrantes no interior do país, como são exemplos uma iniciativa em Carregal do Sal (Viseu) e outra em Oleiros (Castelo Branco). Ler Jornal do Centro (19/01/2024) e Rádio Castelo Branco (18/01/2024).
7. Relativamente a três dos programas sobre língua portuguesa que existem na rádio pública de Portugal:
– Em Língua de Todos (RDP África, sexta-feira, 19/01/2024 às 13h20*; repetido no dia seguinte, c. 09h05*), o convidado é o professor José Eduardo Franco (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa), que mostra a importância da língua portuguesa no processo histórico da brasilidade.
– Em Páginas de Português (Antena 2, domingo, 20/01/2024, às 12h30*; repetido no sábado seguinte, 27/01/2024 às 15h30*), o crítico literário António Carlos Cortez e o ensaísta e escritor Miguel Real debatem a seguinte questão: será que a inovação sintática e a criatividade semântica se manifestam de maneira mais profunda na língua portuguesa quando praticada por escritores oriundos de Angola, Moçambique, Cabo Verde e, especialmente, do Brasil? A professora e consultora do Ciberdúvidas Carla Marques analisa, ainda, na frase «Bastantes alunos passaram de ano porque estudaram bastante», a classe da palavra bastante?
– Palavras elegantes, palavras deselegantes e palavras que transmitem uma falsa sensação de elegância são os temas das emissões de 22 a 26 de janeiro do programada Palavras Cruzadas, realizado por Dalila Carvalho e transmitido na Antena 2 (de segunda a sexta-feira, às 09h50* às 18h50*). A convidada é a professora Maria Regina Rocha, consultora do Ciberdúvidas.
* Hora oficial de Portugal continental.