De facto, «do tempo da outra senhora» surge muitas vezes associado ao regime do Estado Novo (1933-1974). Contudo, a expressão em apreço tem origens mais remotas e está relacionada com o trabalho doméstico. De acordo com Maria Regina Rocha, «a senhora era a dona da casa e aí punha e dispunha. Era ela que ditava as leis da organização da casa, a serem cumpridas pela criadagem. Quando a senhora da casa morria, havia uma nova senhora (a filha, a nora, a nova mulher do viúvo que entretanto casaria), a ditar a organização da casa, e essa organização sofria alguma alteração; a forma de gerir era, naturalmente, diferente. E surge então a expressão "o tempo da outra senhora", distinto do atual» (resposta completa, aqui).
A mesma autora refere que, quando se diz que algo é do «tempo da Maria Cachucha», significa que é muito antigo (resposta completa, aqui).
Assim, embora as expressões, «do tempo da outra senhora» e «do tempo da Maria Cachucha», transmitam a ideia de algo antigo ou pertencente a um passado remoto, elas não são sinónimas no sentido exato. A primeira tem uma conotação mais ligada à transição de poder, e a segunda mais ligada à ideia de antiguidade.