Neste caso, o pronome nos corresponde a um clítico inerente, pelo que não desempenha uma função sintática.
O verbo aliar pode ser usado pronominalmente sem qualquer complemento, como em (1):
(1) «Os dois países aliaram-se.»
Este verbo também pode ter como argumento um complemento indireto, o que se exemplifica em (2):
(2) «A empresa aliou-se a um grupo económico.»
Neste caso, o constituinte «a um grupo económico» desempenha a função de complemento indireto. Para verificarmos se o pronome se é inerente, analisamos a possibilidade de redobro do clítico:
(2a) «*A empresa aliou-se a si própria a um grupo económico.»
A frase demonstra a impossibilidade de inclusão do redobro do clítico, o que permite concluir que se é um clítico inerente. Estas são «formas do pronome reflexo que não estão associadas a qualquer posição argumental ou de adjunto e em que o clítico não pode ser interpretado como uma partícula destransitivizadora.»1
A mesma situação ocorre na frase apresentada pelo consulente, transcrita em (3), na qual «a ele» desempenha a função de complemento indireto e nos é um clítico inerente, sem qualquer função sintática.
(3) «Nós nos aliamos a ele desconfiados.»
Disponha sempre!
* assinala a inaceitabilidade da frase.
1. Mateus et al., Gramática Portuguesa. Caminho, p. 843.