1. Celebra-se no dia 5 de maio o Dia Mundial da Língua Portuguesa, evento que contou com a sua primeira comemoração no ano de 2020, após a consagração da data pela UNESCO em novembro de 2019. Assinalado por uma comunicação especial do secretário-geral da ONU, o português António Guterres, as redes externas ao Camões, I.P. dedicam o dia com a realização de mais de 150 atividades, distribuídas por 44 países. Por sua vez, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) encontra-se a promover um ciclo de debates em torno do tema «Promoção e Difusão da Língua. Estratégias Globais e Políticas Nacionais» (sessões realizadas entre abril e maio de 2021; mais informações aqui). Em Portugal destacam-se o Lisboa 5L – um festival literário que se propõe celebrar simultaneamente a Língua, a Literatura, os Livros, as Livrarias e a Leitura – e o Seminário Comemorativo do Dia Mundial da Língua Portuguesa, coorganizado pela Câmara Municipal de Guimarães e pela Universidade do Minho, com lugar no Centro Cultural Vila Flor. Refira-se ainda que a Associação FORGES se encontra, neste âmbito, a promover a Semana da Língua Portuguesa, que engloba o «Ciclo de debates ensino superior em questão no espaço da língua portuguesa», entre 5 e 7 de maio, numa coorganização com a ANPAE – Associação Nacional de Política e Administração da Educação, com sede no Brasil (os debates poderão ser acompanhados aqui). A professora universitária Margarita Correia publicou também um texto alusivo a esta data, intitulado «O que queremos desta língua» (aqui transcrito, com a devida vénia).
Vide ainda a informação prestada pelo ministro do Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, sobre o primeiro dicionário de português de Moçambique; e o anúncio alusivo à comemoração do Dia Internacional da Língua Portuguesa, aprovado pela UNESCO:
2. O percurso da pandemia leva agora o mundo a centrar a sua atenção no aparecimento de novas variantes do vírus SARS-CoV-2, o que fica patente também no léxico com a criação de dois novos acrónimos: VOC e VOI. Em paralelo, as populações experimentam um sentimento de vulnerabilidade que se estende do plano sanitário às atividades económicas. O programa «Lisboa protege» é uma das respostas criadas para apoiar as empresas. Em simultâneo, continua a decorrer a campanha de vacinação, não sem alguns incidentes que, aqui e além, se associam à vacinação indevida. Esta situação levou à criação, em Portugal, da figura do controleiro. As quatro expressões destacadas integram a nova atualização na rubrica A covid-19 na língua.
3. Na frase «não me enviem cartões a essas pessoas» está presente uma forma de dativo ético (ou de pronome de interesse), cujo papel se analisa nesta resposta. A atualização do Consultório contempla ainda a etimologia do nome papa, a identificação do subclasse do advérbio incrivelmente, a grafia de subsidiodependência, o uso de embora nas orações concessivas, a construção do verbo sacar com a preposição de e a relação entre atos de fala e a modalidade.
4. Marco Neves, professor universitário e tradutor, acaba de lançar um novo livro: História do Português desde o Big Bang. Na rubrica Montra de Livros, deixamos a apresentação desta obra que se propõe contar a história da linguagem humana desde os seus primórdios.
5. No Pelourinho, disponibiliza-se um excerto da crónica de José Manuel Barata-Feyo, provedor do leitor do Público, que trata os sérios problemas de uma tradução mal conseguida. A propósito do título desta mesma crónica, «Viva as pandemias», refira-se, mais uma vez, que o uso da palavra viva é controverso. Com efeito, poderemos encontrar argumentos que justificam a invariabilidade da palavra por a considerarem uma interjeição, mas não é menos certo que, em frases desta natureza, faz mais sentido considerar a forma viva como um verbo que tem como sujeito as expressão «as pandemias». Nesta linha, recomenda-se a forma «Vivam as pandemias». Refira-se, ainda, que sendo a forma viva tomada como simples saudação ou manifestação de alegria, assumindo-se como interjeição, deveria ser seguida de vírgula ou de ponto de exclamação, e o nome pandemias, não deveria ser antecedido de artigo definido: «Viva, (!) pandemias».
Cf. «Viva, sejam bem-vindos e vivam, sejam bem-vindos», «Vivam os noivos! (e não "Viva" os noivos!)», «Vivam os Açores!» e «Morram as pandemias!»
6. A questão do desenvolvimento da linguagem artificial e as estratégias promovidas para construir modelos informáticos neste âmbito estão na base do artigo do professor universitário Arlindo Oliveira, sobre o processamento automático da linguagem e a sua relação com as línguas humanas (aqui transcrito, com a devida vénia).
7. Em Madrid, decorrem, a 4 de maio, as eleições autonómicas, facto da atualidade que justifica recordar alguns textos disponíveis na plataforma do Ciberdúvidas: «Cairota, madrileno, etc.», ««Museu Reina Sofia»... porquê?» e «O significado de movida».