1. O planeta vive atualmente sob a égide da vacina contra a covid-19, que se assume como uma das respostas científicas mais importantes do século, o que se comprova também pelo investimento que muitos países têm feito em torno da vacinação da sua população e das ações de sensibilização para a importância da inoculação para a gradual recuperação da normalidade por meio do desenvolvimento da imunidade de grupo. As vacinas vão-se assumindo igualmente como fatores de afirmação de poder por parte de certos países, como é o caso dos Estados Unidos, que procuram agora ser reconhecidos como importantes fornecedores de vacinas para os países mais pobres. Na rubrica A covid-19 na língua dá-se conta da importância deste tema na atualidade com novas entradas Geopolítica da vacina, Cultura vacinal, Vacinal e Serrana, termos a que se juntam as expressões «Medidas cautelares» e «País-cemitério».
Primeira imagem: Ernest Board, 1910: - Dr. Jenner realiza a vacinação num rapaz de oito anos em 1796
2. A construção «ser alguém de quem gosto» é preferível a «ser alguém de que gosto»? Este é um dos assuntos que se incluem nas respostas que integram a atualização do Consultório. A acompanhá-lo uma resposta que aborda as regências do adjetivo entusiasmado, outra sobre a aceitabilidade da expressão «aplicar (uma) vacina» e ainda uma tradução da expressão inglesa 'chafing dish'. Analisa-se ainda a função do constituinte «com a liberdade» na frase «Veio com a liberdade» e explora-se o significado do provérbio «casa roubada, trancas à porta», a correção da construção «depois de na segunda-feira» e ainda a etimologia do adjetivo coitado.
3. Os comportamentos dos adeptos ingleses que se dirigiram a Portugal, e nomeadamente à cidade do Porto, por ocasião da final da Liga dos Campeões de futebol e as atitudes do meio político e das forças da ordem levantaram a questão de na sua base se encontrarem «dois pesos e duas medidas». Esta expressão idiomática constitui-se, assim, como o tema da crónica da professora Carla Marques no programa Páginas de Português da Antena 2 (aqui transcrita).
4. No dia 6 de junho celebra-se o Dia Mundial da Língua Russa. Este evento foi recordado pela professora universitária e liguista Margarita Correia, que assinou um artigo no Diário de Notícias no qual aborda aspetos da história da língua russa e a sua evolução no contexto da família das línguas eslavas (aqui transcrito com a devida vénia).
5. A discussão em torno do cânone acontece um pouco por todo o mundo e envolve questões tão complexas como a literatura que assenta numa linguagem de matriz racista. Esta questão agitou Portugal há relativamente pouco tempo com a divulgação de um trabalho de investigação sobre o romance Os Maias, de Eça de Queirós, no qual se sugeria a criação de anotações à obra sinalizando estes aspetos de fundo racial. A questão é agora de novo equacionada pela professora universitária Ana Paula Dourado, que a coloca no plano de um movimento internacional (artigo publicado no jornal Expresso em linha e aqui transcrito com a devida vénia).
6. Estreado na RTP1 no dia 5 de junho, o programa Programa Cautelar teve logo na sua primeira emissão a reflexão volta do adjetivo que lhe dá o título, que se formou a partir de nome comum cautela a que se juntou o sufixo de flexão -ar. A própria apresentadora, Filomena Cautela, deu uma explicação sobre a razão do nome do programa, coincidente com o seu apelido. Nesse jogo de palavras destaca-se, naturalmente, o adjetivo cautelar, já com registo dicionarístico – relacionado com o nome comum, pelo que não constitui um neologismo. O termo, como foi referido, está ainda associado ao sentido de «ajuda para que o país não entre em crise económica e social»; e, no sentido mais lato, acrescente-se o de «prevenir» ou «acautelar» (in Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea). O adjetivo surge ainda em expressões jurídicas que gozam de alguma cristalização como «procedimento cautelar» ou «providência cautelar», enquanto o substantivo tem dois usos comuns: «Cuidado para evitar maus resultados» e «Senha representativa de uma quota-parte num bilhete de loteria». E temos ainda a expressão «à cautela» e a interjeição «Cautela!» (in Dicionário Priberam)
A este propósito, recordem-se os textos «Procedimento cautelar e providência cautelar» ou «Passível de credibilidade».
7. Em 2021, conta-se 100 anos passados desde a descoberta da insulina, uma hormona produzida no pâncreas que se veio a revelar fundamental para a terapia da diabetes. Neste âmbito, recorde-se que a palavra insulina entrou no português através da palavra francesa insuline, que, por seu turno, se formou a partir do termo latino insula, ae, que significa «ilha». A seleção deste termo latino fica a dever-se ao facto de a substância insulina ser segregada em áreas do pâncreas designadas ilhotas de Langerhans (in Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa).
Recordem-se também os textos «A diabetes» e «Cancro do...» vs. «cancro de...» II».
8. Comemora-se, em Portugal, a 10 de junho o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Celebração cujo primeiro passo data do ano de 1880 com o objetivo de comemorar os 300 anos da data hipotética de morte de Luís de Camões. As comemorações oficiais presididas pelo Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa terão lugar neste ano na ilha da Madeira.
Alguns textos em arquivo sobre este ponto: A língua como valor estratégico no discurso do 10 de Junho de Cavaco Silva + Camões + A Camões + A língua de Camões +O português como língua de Camões é um mito + Camões Superstar + O Cânone + Camões Conseguiu Escrever Muito para Quem só Tinha Um Olho…