A Camões * - Antologia - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
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A Camões *
Quando n'alma pesar de tua raça
a névoa da apagada e vil tristeza,
busque ela sempre a glória que não passa,
em teu poema de heroísmo e de beleza.

Génio purificado na desgraça,
tu resumiste em ti toda a grandeza:
poeta e soldado… Em ti brilhou sem jaça
o amor da grande pátria portuguesa.

E enquanto o fero canto ecoar na mente
da estirpe que em perigos sublimados
plantou a cruz em cada continente,

não morrerá sem poetas nem soldados
a língua em que cantaste rudemente
as armas e os barões assinalados.
 

Sobre o autor

Manuel Bandeira (Recife, 1886 – Rio de Janeiro, 1968), formado na área das Humanidades e Membro da Academia Brasileira das letras, foi crítico literário e de arte, tradutor, professor de literatura em colégios brasileiros e na Faculdade de Filosofia da Universidade do Brasil, e escritor. Da sua obra literária fazem parte a poesia A Cinza das Horas (1917), Libertinagem (1930) e a prosa Guia de Ouro Preto (1938), Andorinha, Andorinha (1966).