1. «Ele chegou a casa e sentou-se no sofá e descansou um pouco e...» – não haverá nesta frase excesso de ocorrências da palavra e? Uma nova resposta do Consultório define em que condições se pode repetir esta conjunção. Outras questões também fazem parte da atualização deste dia: como analisar a maneira de referir a ação associada à frase «meti-me a viajar»? E como descrever a apreciação expressa em «valeu a pena lutar»? Que diferença gramatical existe entre tornar e tornar-se? E porque será que se diz «optei pelo curso de Letras», mas não «o curso de Letras foi optado»?
2. Na rubrica Pelourinho, a propósito da legendagem de uma série de televisão francesa, intitulada Philharmonie (em português, Orquestra), um apontamento de Sara Mourato recorda que, para designar uma mulher que dirige uma orquestra, um coro ou uma banda, se usa o substantivo maestrina, e não maestro.
3. «Fará sentido pôr em causa o Acordo Ortográfico (AO), dez anos depois de ele estar em vigor, de os alunos terem terminado dois ciclos de ensino e não conhecerem outra ortografia [...]?» – pergunta a professora Lúcia Vaz Pedro num texto que passa a estar disponível na rubrica Acordo Ortográfico e que o Jornal de Notícias publicou numa versão mais curta em 21/05/2019. «Demagogia, populismo e mesmo fake news» tinham também de chegar à política da língua» – escreve o jornalista português Henrique Monteiro, no artigo que assinou no semanário Expresso de 18/05/2019, que fica transcrito igualmente na rubrica Acordo Ortográfico. Em causa estão as declarações do jornalista e escritor brasileiro Nelson Valente, que, tecendo críticas ao AO, considera ter chegado o momento de o português brasileiro «ser reconhecido como uma nova língua».
4. Uma perspetiva diferente, a da unidade na diversidade, é a de jornalistas brasileiros da Folha de S. Paulo, que percorreram Portugal e Moçambique, além de diferentes regiões do Brasil, para mostrar a riqueza das expressões da língua portuguesa, a sétima mais falada do mundo. O nosso idioma reproduz, com a devida vénia, um dos vídeos desse trabalho.
5. Que o português falado e escrito no Brasil é a mesma língua usada em África ou em Portugal continua a ser também a visão prevalecente, como comprova o Pémio Camões de 2019, que, na sua edição de 2019, acaba de ser atribuído ao conhecidíssimo compositor e escritor brasileiro Chico Buarque de Hollanda. Entre as muitas reações à notícia, registe-se a de outro escritor e jornalista, também brasileiro, Sérgio Rodrigues, que não se faz rogado no elogio feito no jornal Folha de São Paulo, em 21/05/2019: «[...] a qualidade superior do cancioneiro de Chico vai além da capacidade que ele demonstra de manejar, como se os tivesse inventado, basicamente todos os recursos disponíveis no patrimônio acumulado pelos vates desde Homero».
6. No campo dos conteúdos digitais promotores da língua portuguesa, impõe-se mencionar o recente lançamento do Portal do Português da Universidade do Porto (UP), uma plataforma da iniciativa da Pró-Reitoria para a Promoção da Língua Portuguesa da UP, a qual «visa promover a importância do português como uma língua global e uma língua de produção e transmissão de conhecimento», bem como «difundir o [seu] uso [....] em contexto académico». Uma chamada de atenção, ainda, para o jornal eletrónico Plataforma, que mantém redações em Lisboa e Macau e que, conforme se declara no seu estatuto editorial, se caracteriza como «um órgão de comunicação social generalista onde se destaca a atualidade dos países e das regiões onde se fala a língua portuguesa».
7. Sobre os programas que o Ciberdúvidas produz para a rádio pública portuguesa:
– A propósito da recente publicação da obra Gramática para Todos – o Português na Ponta da Língua, do professor universitário e tradutor Marco Neves, o programa Língua de Todos, transmitido pela RDP África, passa uma entrevista com este autor e divulgador de temas da língua portuguesa (no dia 25 de maio, depois do noticiário das 13h00*; com repetição no dia seguinte, pelas 9h15*).
– No Páginas de Português desta semana, na Antena 2 (no domingo, 26/05/2019, às 12h30*; com repetição no sábado seguinte, dia 1 de junho, às 15h30*)., conversa-se com José António Souto Cabo, professor titular de Língua Portuguesa da Universidade de Santiago de Compostela, sobre o documento que este investigador descobriu na Torre do Tombo, o Pacto de Irmãos, considerado como um dos mais antigos em galego-português, datado entre 1173 e 1175. Este texto é o legado de uma época em que se tinha formado no território norte-ocidental da península ibérica uma língua romance derivada do latim, num processo de evolução que durou séculos. O especialista reflete sobre o galego-português, a sua origem e o modo como modelou a sociedade medieval de Portugal e da Galiza.
* Os programas Língua de Todos e Páginas de Português ficam disponíveis, posteriormente, aqui e aqui.