Em português, a forma feminina tanto de maestro («chefe ou regente de orquestra») como de maestrino («compositor de música ligeira e fácil») há muito que está atestada em qualquer dicionário: maestrina. Temos, de resto, em Portugal, uma bem conhecida e reputada maestrina: Joana Carneiro. Incompreensivel ainda mais, por isso, que a tradução-legendagem da série francesa "Orquestra", estreada por estes dias na RTP 2, chame sempre à protagonista «a maestro», como se tratasse de um substantivo comum de dois géneros. Ainda, por cima, contrariando a própria descrição da sinopse resumida na programação do segundo canal da televisão pública portuguesa: «Série francesa, intensa e comovente, que revela o génio e os segredos de uma maestrina com um passado que a persegue, uma maldição à qual tenta escapar. (...)»
P.S. – A resistência ao feminino maestrina é idêntica a muitos outros casos apontados no Ciberdúvidas sobre nomes designativos de profissões e cargos tradicionalmente exercidos por homens. Por exemplo: O sexo das profissões + Mulheres... barbeiras + Qual o feminino de bombeiro? + Primeira-ministra + O feminino de procurador-geral + A chanceler, a chancelera ou a chancelerina? + A juíza e a presidente + "Poetisa" inferioriza? + Palavras à procura do feminino + Os cidadãos e a gramática