Não é correto afirmar que em Portugal não se usam os verbos no gerúndio. Apesar de não ser tão comum comparativamente ao uso no português do Brasil, o gerúndio é utilizado em português europeu, nos chamados dialetos centro-meridionais (principalmente nas regiões do Alentejo e Algarve) e nos dialetos insulares (arquipélagos da Madeira e Açores). Em alternativa, é mais comum o uso do infinitivo – «Lá foram eles, a correr e a cantar», em oposição a «Lá foram eles, correndo e cantando» –, ou ainda o uso da construção estar/andar/vir/ir a + verbo no infinitivo – «Estou a comer», em vez de «Estou comendo».
Neste último caso, o uso dos diferentes verbos pode dar significados diferentes ao enunciado. Assim, se o verbo auxiliar for o verbo estar, a construção perifrástica indica uma ação durativa que decorre num momento específico (ex.: «Ele estava a estudar/estudando, hoje de manhã»). Se, por outro lado, utilizarmos o verbo auxiliar andar, a ação continua a ser durativa, mas predomina a ideia de movimento (ex.: «Ela anda a ler/lendo sempre o mesmo livro»). Na construção perifrástica com o verbo vir constrói-se uma ação durativa que se desenvolve gradualmente em direção ao momento ou ao espaço onde nos encontramos (ex.: «Olha quem vem a chegar/chegando!»). Por fim, se a construção tiver como auxiliar o verbo ir, tem-se a ideia de duração, de uma ação que se prolonga no tempo, realizando-se progressivamente por etapas sucessivas (ex.: «Vou ver/vendo o que acontece»).