A sua pergunta assenta no pressuposto de que os tempos compostos são sempre equivalentes funcionais dos tempos simples, mas não é assim. Essa equivalência existe para o pretérito mais-que-perfeito, sendo a forma composta, na presente sincronia, mais frequente do que a simples, quer no discurso oral, quer no discurso escrito. Porém, ela não se verifica noutros tempos.
Vejamos alguns exemplos.
(i) O pretérito perfeito simples dá a acção anterior e acabada relativamente a um ponto de referência temporal (o acto de falar ou outro ponto explicitado no discurso):
«O Zé telefonou à Ana.»
O pretérito perfeito composto dá a acção como tendo início num momento anterior ao momento da elocução, prolongando-se até esse momento, e, consoante o significado lexical do verbo, exprime que a acção ocorreu um certo número de vezes (valor frequentativo):
«O Zé tem telefonado à Ana.»
(ii) O futuro simples indica que a acção é posterior a um ponto de referência absoluto, sem alusão à perfectividade ou imperfectividade da acção:
«Acabarei o trabalho seguramente amanhã.»
O futuro composto dá a acção como posterior a um ponto de referência relativo, indicando a acção como perfectiva:
«Quando chegares, eu já terei acabado o trabalho.»
Acresce que há tempos compostos que não têm correspondente simples, e vice-versa.
Como verá, não é pertinente dedicar uma aula, ou várias, a "dar" os tempos compostos, mas sim dedicar várias aulas a estudar a expressão do tempo (verbos e adverbiais em frases simples e compostas), nos seus múltiplos matizes.