O uso do travessão na transcrição do discurso é uma opção (facultativa) de estilo. Há autores e publicações, jornais, por exemplo, que preferem as aspas – sejam aspas em linha [« »] ou aspas elevadas [" "]. E há outros que preferem, até, o recurso ao itálico1. E há ainda outros, como José Saramago, que pura e simplesmente dispensam qualquer dessas marcas tradicionais na sinalização do discurso direto.
No caso da utilização do travessão, classicamente, não há parágrafos, e a reprodução dos diálogos ou monólogos raramente ultrapassa a dúzia de linhas.
Se, por qualquer razão excecional, a reprodução tiver de ser especialmente extensa e com parágrafos, há duas opções possíveis:
1) O uso do itálico (com a vantagem de uma diferenciação mais clara do que é discurso direto em relação ao restante texto); ou
2) O recurso às aspas – tal como se sugere na resposta anterior "Discurso directo com mais de um parágrafo". Exemplificando, neste caso:
«Citação citação citação citação citação citação citação citação citação citação citação citação citação citação citação citação. citação citação citação
«Continuação da citação. Citação citação citação citação citação citação citação citação citação citação citação citação citação.
«Recomeço da citação. Fim de citação.»
1Cf. Mala de Senhora e outras histórias, de Clara Ferreira Alves, ed. D. Quixote, págs. 80-84.