As gramáticas consultadas não referem uma hierarquia entre estes sinais de pontuação, assinalam, sim, situações em que estes podem ser usados em alternativa. Assim, segundo, por exemplo, Evanildo Bechara1, pode usar-se vírgula, travessão ou parênteses a delimitar
(i) o aposto (modificador do nome apositivo)
(1) «O grupo, rapazes e raparigas, chegou.»
(2) «O grupo ̶ rapazes e raparigas ̶ chegou.»
(3) «O grupo (rapazes e raparigas) chegou.»
(ii) orações ou expressões intercaladas
(4) «O grupo, perdoem-me a franqueza, era muito fraco.»
(5) «O grupo ̶ perdoem-me a franqueza ̶ era muito fraco.»
(6) «O grupo (perdoem-me a franqueza) era muito fraco.»
De acordo com o que ficou exposto atrás, na frase apresentada pelo consulente pode admitir-se o uso de qualquer um dos três sinais de pontuação considerados, uma vez que se trata de uma oração intercalada. Não obstante, de acordo com Cunha e Cintra, os parênteses empregam-se «para intercalar num texto qualquer indicação acessória. Seja, por exemplo: a) uma explicação dada ou uma circunstância mencionada incidentemente.»2 Neste quadro, na frase em análise, seria preferencial o uso dos parênteses (embora a opção pelos outros sinais seja também aceitável), uma vez que se trata de um constituinte que introduz uma explicação relativa à seleção das flores.
Disponha sempre!
1. Bechara, Moderna Gramática Portuguesa. Ed. Lucerna, pp. 517-520.
2. Cunha e Cintra, Nova Gramática do Português Contemporâneo. Ed. Sá da Costa, p. 660.