Ambas as possibilidades são corretas, mas poderão implicar algumas diferenças de sentido. Neste contexto, não poderemos, todavia, falar de regras gramaticais. Estamos sobretudo no plano das intenções comunicativas, que poderão também estar muito dependentes do contexto.
A opção pelo não uso do artigo definido contribui para que a situação descrita seja perspetivada como uma realidade genérica:
(1) «Adoro desportos.»
(2) «Gosto de filmes de terror.»
(3) «Odeio pessoas arrogantes.»
Em cada uma das frases anteriores, os sintagmas nominais, por não serem determinados por um artigo, descrevem situações tomadas como realidades genéricas, sendo afirmações válidas em qualquer situação ou temporalidade e que poderão constituir referências abstratas aplicadas a realidades de diferentes contextos. Nestas frases, as situações descritas como «desportos», «filmes de terror» ou «pessoas arrogantes» não são apresentadas como entidades individuais, antes designam um conjunto de entidades da mesma espécie.
Se, no contexto conversacional, o referente «desportos», «filmes de terror» ou «pessoas arrogantes» for já conhecido os interlocutores, o recurso ao artigo definido já poderá ter lugar naturalmente, uma vez que poderão representar referentes mais concretos e conhecidos dos envolvidos na situação de comunicação. Neste sentido, é possível afirmar que o uso do artigo definido contribui para a referência a situações que são tomadas com um valor mais específico, apontando para a referência a realidade tomadas como concretas e designando entidades que se distinguem de outras ou que contrastam com elas, como se ilustra por meio da expansão das frases abaixo:
(4) «Adoro os desportos e as atividades intelectuais.»
(5) «Gosto dos filmes de terror, mas odeio as comédias»
(6) «Odeio as pessoas arrogantes como a Rita.»
Diga-se, porém, que, na comunicação quotidiana, os falantes não associam de forma regular os valores específico / genérico ao uso ou à ausência de artigo definido. Aliás, é frequente um sintagma com artigo definido ser interpretado como tendo um valor genérico.
Assim, poderemos concluir que esta oposição depende, muitas vezes, da sensibilidade do falante à língua e de variáveis individuais que nem sempre se prendem com razões gramaticais.
Disponha sempre!