Pois, entendo a dúvida do consulente. Porém, neste caso, a classificação proposta estará certamente vinculada a um determinado contexto a que não temos aqui acesso.
Vejamos, por exemplo, numa perspetiva comparativa, este excerto de um famoso poema de António Gedeão:
«Eles não sabem nem sonham que o sonho comanda a vida [...]»,
e este outro do conhecido discurso de Martin Luther King:
«Tenho um sonho de que um dia esta nação se irá erguer [...].»
No primeiro caso, «o sonho» acaba por ser sinónimo de «capacidade de sonhar», independentemente do seu conteúdo, isto é, daquilo que se possa sonhar.
No segundo enunciado, «um sonho» refere-se a um desejo muito concreto — neste caso, de ver a nação (americana) erguida.
Assim, o excerto de Martin Luther King não se reporta ao conceito genérico de sonho (como acontece no enquadramento dos versos do poema de António Gedeão), mas, sim, a uma forte vontade de atingir um objetivo bem delimitado.
Posto isto, julgo poder afirmar que a primeira expressão — «o sonho» (com artigo definido) — é menos restritiva (para usar a expressão proposta pelo consulente) e bem mais ampla do que a segunda — «um sonho» (com artigo indefinido), cuja ocorrência parece ser mais restritiva e menos ampla, como vimos, do que a primeira.