O caso em questão é classificado e descrito pela Gramática do Português (Fundação Calouste Gulbenkian, 2013, pág. 1961) como uma construção de elevação do objeto:
«Na construção de elevação do objeto, o sujeito da oração principal corresponde, do ponto de vista semântico, ao complemento direto da oração subordinada, representado pelo segundo "[-]" nos exemplos [a seguir] (cf. arranjar esses relógios, aturar essas crianças, encontrar a rua onde ela mora e encontrá-las):
[...]
a. Esses relógios são difíceis de [Or [-] arranjar [-]].
b. Essas crianças são impossíveis de [Or [-] aturar [-]].
c. A rua onde ela mora é fácil de [Or [-] encontrar [-]].
[...]
Outra característica da construção de elevação do objeto é o facto de ser obrigatoriamente preposicionada, sendo de a preposição introdutória quando o predicador da oração principal é de natureza adjetival.
A elevação do objeto ocorre tipicamente em frases copulativas com predicadores adjetivais de sentido modal ou semelhante, incluindo chato, difícil, fácil, impossível e maçador, sendo mais aceitável quando o sentido destes predicadores é negativo. [...]»
Note-se que esta construção não impede, na oração subordinada, o uso do verbo na passiva (com auxiliar ou partícula apassivadora) (cf. João Peres e Telmo Móia, Áreas Críticas da Língua Portuguesa, Lisboa, Editorial Caminho, 1995, pág. 214-217):
(1) Este argumento é difícil de rebater.
(2) este argumento é difícil de ser rebatido.
(3) Este argumento é difícil de se rebater.
Assinale-se ainda que as construções de elevação são também possíveis com verbos causativos como mandar (cf. ibidem):
(4) Esse argumento, mandei-o rebater por outro advogado.
Contudo, a leitura passiva do infinitivo pode também ocorrer noutros casos, que não parecem ser exatamente os da construção de elevação (cf. ibidem):
(5) São vários os argumentos a rebater.
(6) Este argumento está por rebater.