Na oração infinitiva, o uso de infinitivo simples (não flexionado) é considerado a construção normativa:
(1) «Os exercícios são difíceis de ser resolvidos.»
Não obstante, para alguns falantes é também aceitável a opção pelo infinitivo pessoal (flexionado):
(2) «Os exercícios são difíceis de serem resolvidos.»
Note-se que, nas frases anteriores, o grupo nominal «os exercícios» é sujeito semântico do verbo da oração subordinada, o que corresponde a uma construção como (3), na forma passiva, ou (4), na forma ativa:
(3) «É difícil os exercícios serem resolvidos.»
(4) «É difícil resolver os exercícios.»
Esta construção sofreu uma construção de elevação, que consiste numa situação em que o sujeito ou o complemento do verbo da oração subordinada passa a sujeito da oração principal, mantendo-se sujeito semântico ou complemento semântico da subordinada, como acontece na passagem do exemplo (4) a (1).
A frase (5) é igualmente possível, sendo de novo preferível o uso do infinitivo não flexionado (embora seja também aceitável o infinitivo flexionado):
(5) ««Os exercícios são difíceis de se resolver.»
Neste caso, estamos perante uma construção com a variante incoativa do verbo, ou seja, uma construção em que o complemento direto passa a ser usado como sujeito do verbo, sendo o sujeito não realizado, como acontece em (6):
(6) «Os exercícios resolvem-se.»
A passagem desta frase à frase (5) acontece também por elevação do sujeito.
A diferença entre as frases (1) e (5) é ténue e reside apenas no facto de esta última nunca expressar o agente da situação expressa pelo verbo (aquele que resolve os exercícios), que adquire um valor indefinido, ao passo que a frase (1) pode verbalizar este agente por meio de um complemento agente da passiva.
Disponha sempre!