Na frase apresentada pela consulente, o constituinte «segundo o encenado» desempenha a função sintática de modificador da frase.
O modificador da frase distingue-se do modificador verbal, porque não pode ser interrogado nem negado. Veja-se a aplicação do teste da negação à frase:
(1) «*Uma versão que, não segundo o encenador, não contém todo o original do autor romântico».
Neste caso, «segundo o encenador» não pode ser negado, pois a frase que se gera é agramatical. Por conseguinte, conclui-se que o constituinte «segundo o encenador» funciona como modificador da frase. Note-se que este tipo de modificadores têm uma maior independência prosódica do que os modificadores verbais e, por isso, são demarcados por vírgula.
Relativamente aos modificadores do grupo verbal, observe-se que estes «contribuem para o significado do sintagma verbal, quantificando, qualificando ou localizando (temporal ou espacialmente) a situação que se descreve, mas não representam participantes na situação ou no evento descrito pelo verbo.» (Raposo et al., Gramática do Português. Fundação Calouste Gulbenkian, p. 1161). Veja-se a seguinte frase:
(2) «O autor romântico escreveu uma nova versão em casa.»
No caso do modificador do grupo verbal, embora a sua relação com o verbo e os complementos seja mais fraca, resultando na possibilidade de ser omitido sem gerar frases agramaticais, este, contrariamente ao modificador da frase, pode ser negado, como em (3), ou interrogado, como em (4).
(3) «O autor romântico escreveu uma nova versão não em casa(, mas na biblioteca.)»
(4) «– Foi em casa que o autor romântico escreveu uma nova versão?»
«–Em casa.»
Nestas situações, o constituinte «em casa» é um modificador do grupo verbal. Para mais informações sobre as diferenças entre modificador do grupo verbal e modificador da frase, leia esta resposta da consultora Carla Marques.