Sem outro contexto, que poderia determinar uma interpretação distinta das frases apresentadas, procuraremos indicar algumas diferenças basilares entre os usos dois tempos verbais, pretérito imperfeito do indicativo e pretérito perfeito do indicativo, em frases simples.
O pretérito perfeito do indicativo é um tempo usado sobretudo para localizar a situação descrita pelo verbo no passado, ou seja, num tempo anterior ao momento da fala. Para além desta localização temporal, o pretérito perfeito apresenta a situação como concluída, terminada. Assim, a frase (1)
(1) «Tu nunca tiveste fome.»
pode ser interpretada como afirmando que, num momento passado, o interlocutor não teve em nenhuma ocasião fome, sendo a situação descrita como concluída, pelo que se poderia acrescentar à frase o sintagma «até ao momento».
O pretérito imperfeito do indicativo é normalmente um tempo que se associa a uma referência temporal ou a uma outra oração. Sendo utilizado de forma independente, o imperfeito pode traduzir um valor habitual, ou seja, descrever uma dada situação como repetida num momento anterior ao da enunciação. Assim, a frase (2)
(2) «Tu nunca tinhas fome.»
pode estar associada à descrição do tu como sendo alguém que, no passado, nunca viveu a situação de ter fome, o que se repetiu em diversas ocasiões.
Deste modo, a frase (1) perspetiva a situação como um todo já concluído e localizado no passado. A frase (2) perspetiva a situação como um conjunto de situações que se repetiram de igual forma num tempo passado.
Relativamente à diferença entre estes dois tempos, ver também «O pretérito perfeito e o pretérito imperfeito».
Disponha sempre!