A obra Frases Feitas, de João Ribeiro (1860-1934), filólogo, historiador e crítico literário brasileiro, foi publicada em 1908 e reeditada pela Academia Brasileira de Letras em 2009 (3.ª edição), com prefácio de Evanildo Bechara e uma introdução do seu filho Joaquim Ribeiro.
Esta publicação responde ao objetivo de coligir expressões correntes, usadas no português. Para estas expressões, João Ribeiro procurou uma explicação histórica que pudesse justificar quer o seu sentido quer a sua forma. Este trabalho não foi, todavia, isento de críticas, que, na época, agitaram o meio intelectual da filologia. Como resumiu Evanildo Bechara, a obra «revela-nos a confirmação da explicação histórica de muitas frases românicas, ao lado de conjeturas aceitáveis propostas por J. Ribeiro e de conjeturas esboçadas sem o menor fundamento. Algumas vezes, a falta de fundamento é entrevista pelo próprio autor; para resolver o dilema, arrola, para a mesma frase, outra e até outras conjeturas, que continuaram não convencendo o proponente e o leitor» (p. IX)
A obra é, não obstante, um excelente ponto de partida para o conhecimento de perto de 800 expressões idiomáticas e para a exploração do seu significado, inclusive numa perspetiva de investigação (como aliás já tem acontecido). Entre as expressões analisadas, encontram-se, por exemplo, «Água no bico», «Aqui não está quem falou», «Bezerra (a morte da)», «Camisa de onze varas», «Deu o tranglomango», «Estar nas suas quintas», «Fogo (com) não se brinca», «Gato sapato (fazer)», «Marmanjo», «Pé em rama verde», «Rei morto», «Surdo como uma porta». Ao lado destas e de outras expressões que, um século mais tarde, mantêm toda a sua vitalidade, encontramos também outras já caídas em esquecimento como «Sangrar na veia d’arca», «Albornoz catrapuz», «Bolsa sem dinheiro é couro», «Dente cueiro», «Error», «Marramaque» ou «Sancho e Dona Sancha».
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