1. Os recentes casos de denúncias de possível assédio exercido por figuras ligadas à academia vindos a público em Portugal vêm juntar-se a outras situações ocorridas noutros países, um pouco por todo o mundo, expostas pelo chamado movimento #MeToo. São acontecimentos que envolvem tanto figuras públicas como desconhecidos, pertencentes a diferentes meios, desde o artístico até ao desportivo, passando pelo empresarial, pelo académico, entre muitos outros. Estas são circunstâncias que têm consequências também no plano linguístico, uma vez que convocam palavras e expressões para as descreverem. Por estes dias que correm, são frequentes locuções como «conduta/comportamento inapropriado» ou «assédio moral vertical», cujo sentido importa esclarecer. É este o objetivo do apontamento da professora Carla Marques, no qual se reúnem algumas das expressões que recentemente têm sido utilizadas neste contexto. Relacionado ainda com este caso, e transcrito, com a devida vénia do diário Público, fica também disponível um artigo da jornalista Bárbara Reis, sobre uma outra expressão, esta menos conhecida: «extrativismo intelectual».
No Ciberdúvidas, estão ainda disponíveis diversos textos que se relacionam com alguns dos lexemas mais frequentes no âmbito desta temática: «Do assédio moral», «Não são abusos, são crimes», «O uso de abusada e de abusiva», «Ainda à volta do abusado».
2. Os processos de enriquecimento lexical estão presentes na atualização do Consultório, por meio da análise da boa formação do neologismo salvaguardador ou do alargamento lexical do termo patologia, que, tal como se esclarece, pode ser usado com valores figurados. A estas respostas juntam-se outras quatro: «A pronúncia do -e final na ligação entre palavras», «O superlativo absoluto analítico "muito pouco"», ««Por óbvio» e obviamente» e «A expressão "mão de finado"».
3. Na rubrica Montra de Livros, apresentamos a obra Aprendendo com os erros. Uma perspetiva comunicativa no ensino da língua, de Francisco José Quaresma de Figueiredo, com a chancela da Parábola Editorial.
4. O contexto gramatical que justifica o uso das construções «apesar do» e «apesar de o» é explicado no apontamento da professora Carla Marques, difundido no programa Páginas de Português, na Antena 2, e aqui transcrito.
5. O verbo maternar, novo na língua portuguesa e usado em contexto materno-infantil, é analisado por Sara Mourato, colaboradora do Ciberdúvidas, no sentido de procurar identificar o seu percurso de formação até chegar à forma portuguesa.
6. A questão de o inglês poder ser ou não considerado uma língua universal, e divergindo de uma anterior resposta no Consultório, leva Miguel Faria de Bastos, advogado e estudioso de interlinguística, a analisar a questão de um ponto de vista jurídico-político, no artigo intitulado «Não há língua universal alguma».
7. Entre os encontros relacionados com a língua em diferentes quadrantes, destacamos os seguintes:
– A chamada de trabalhos para o GRATO 2023, agora prorrogada para 30 de abril. O encontro subordina-se ao tema «Continuidades e desafios em gramática & texto»;
– A chamada de trabalhos para o ENDA 3, com nova data para submissão de trabalhos até 7 de maio. O ENDA 3 desenrola-se este ano em torno do tema «Discurso académico: complexidade teórica e diversidade didática».
– O I Encontro de Políticas Linguísticas Educacionais, com lugar entre 24 e 26 de abril, em modalidade remota.