No caso de «treze euros», o e final de treze passa de facto a /i/ e, na realização fonética, a semivogal, por se encontrar antes de vogal em sílaba tónica:
(1) «treze euros» = "trezieuros" [tre'zjewɾuʃ]
Ou seja, a realização de /i/ como [j] tem lugar antes de vogal que é núcleo de sílaba tónica.
Contudo, quanto a «de alguém», a realização pode ser de duas maneiras1:
(2) «de alguém» = "dialguém" [djaɫˈɡɐ̃j̃]
(3) «de alguém» = "dalguém" [daɫˈɡɐ̃j̃]
Se /i/ preceder vogal em sílaba átona, pode haver3:
a) semivocalização – [j] em [djaɫˈɡɐ̃j̃];
b) elisão – [∅], isto é, a queda de /i/, tal como sucede em [daɫˈɡɐ̃j̃].
1 N. A. (atualização em 18/04/2023, 15h00) – Maria Helena Mateus e Ernesto d'Andrade (The Phonology of Portuguese, Oxford University Press, 2000, p. 147) observam que, nos numerais doze, treze, catorze e vinte, o e semivocaliza como [j] quando a palavra seguinte começa por vogal: «treze horas» = "trezioras", [tre'zjɔɾɐʃ]. Contudo, se treze é seguido da conjunção e, como em «treze e quinze», pode gerar-se ambiguidade e a sequência ser entendida como «três e quinze» (cf. ibidem, nota 18). Além disso, em variedades regionais, não é de excluir que o -e sofra elisão mesmo antes de outras vogais – «treze horas» –, mas não foi aqui possível documentar tal eventualidade na literatura.
2 Apresenta-se entre aspas altas uma pronúncia figurada e entre parênteses retos a transcrição fonética com os símbolos do Alfabeto Fonético Internacional.
3 N. A. (atualização em 18/04/2023, 15h15) – Maria Helena Mateus e Ernesto d'Andrade (The Phonology of Portuguese, Oxford University Press, 2000, p. 147) consideram que o -e de de, como outras palavras gramaticais (que e se), semivocalize antes de vogal – «o facto de eu falar» = "o facto dieu falar", [u'faktudjewfɐ'laɾ] –, mas admitem também a sua elisão (nota17, ibidem) – "o facto deu falar", [u'faktudewfɐ'laɾ].