DÚVIDAS

O superlativo absoluto analítico «muito pouco»

Preciso de ajuda com a construção «muito pouco».

É anómala a estrutura adverbial «muito pouco» para marcar o superlativo absoluto analítico de pouco, ou este apenas possuí a forma sintética pouquíssimo?

Exemplos:

1. Ele tinha muito pouco tempo.

2. Ele tinha pouquíssimo tempo.

Obrigado!

Resposta

A palavra pouco expressa um valor de quantificação. Ao acompanhar um nome, integra a classe dos quantificadores existenciais (1), ao incidir sobre um adjetivo (2) ou sobre um verbo (3) pertence à classe dos advérbios:

(1) «Ele tinha pouco tempo.»

(2) «Ele é pouco interessado.»

(3) «Ele trabalha pouco.»

Refira-se que nas frases apresentadas pelo consulente, pouco não é um advérbio, mas um quantificador (ou noutra perspetiva gramatical, um determinante indefinido), uma vez que incide sobre um nome.

Nas frases (1) e (3), pouco é graduável, podendo surgir tanto com a forma de superlativo sintético (pouquíssimo) como de superlativo analítico («muito pouco»):

(1a) «Ele tinha muito pouco / pouquíssimo tempo.»

(3a) «Ele trabalha muito pouco / pouquíssimo.»

Quando pouco incide sobre um adjetivo, a opção pelo superlativo sintético parece ser menos aceitável, sendo preferível a opção pelo superlativo analítico:

(2) «Ele é muito pouco interessado.»

Disponha sempre!

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