A palavra pouco expressa um valor de quantificação. Ao acompanhar um nome, integra a classe dos quantificadores existenciais (1), ao incidir sobre um adjetivo (2) ou sobre um verbo (3) pertence à classe dos advérbios:
(1) «Ele tinha pouco tempo.»
(2) «Ele é pouco interessado.»
(3) «Ele trabalha pouco.»
Refira-se que nas frases apresentadas pelo consulente, pouco não é um advérbio, mas um quantificador (ou noutra perspetiva gramatical, um determinante indefinido), uma vez que incide sobre um nome.
Nas frases (1) e (3), pouco é graduável, podendo surgir tanto com a forma de superlativo sintético (pouquíssimo) como de superlativo analítico («muito pouco»):
(1a) «Ele tinha muito pouco / pouquíssimo tempo.»
(3a) «Ele trabalha muito pouco / pouquíssimo.»
Quando pouco incide sobre um adjetivo, a opção pelo superlativo sintético parece ser menos aceitável, sendo preferível a opção pelo superlativo analítico:
(2) «Ele é muito pouco interessado.»
Disponha sempre!