1. No passado dia 26 de setembro assinalou-se o Dia Europeu das Línguas, pretexto para uma crónica do professor e tradutor português Marco Neves sobre a origem da linguagem humana, no portal SAPO. Ainda sobre a edição fac-similada da Grammatica da Lingoagem Portuguesa de Fernão de Oliveira (vide a sua recensão na rubrica Montra de Livros), deixamos transcrito, na rubrica O Nosso Idioma, o artigo* da professora universitária Clara Barros sobre o que é considerado tratar-se a «primeira anotação da língua portuguesa». Destaque-se, ainda, a mais recente atualização do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa da Academia Brasileira de Letras: mil novas entradas – entre as quais, avultam os termos biopsiar, ciberataque, covid-19 (com minúscula inicial), docussérie, feminicídio, gentrificação, gerontofobia, homoparental, infodemia, judicialização, ladar, necropolíltica, negacionismo, telemedicina e teleinterconsulta, por exemplo. Ou estrangeirismos como botox, bullying, compliance, coworking, crossfit, home office e lockdown. Disponíveis na sua versão digital.
*in jornal Público do dia 23 de setembro de 2021.
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2. Na rubrica Ensino, propõe-se a leitura das considerações de João Costa, atual secretário Adjunto e da Educação em Portugal, numa entrevista intitulada "Gramática formal e ensino". João Costa, enquanto linguista, salienta o valor e a importância da formação linguística adequada no ensino da língua materna, cujo trabalho é também o de capacitação para literacias múltiplas e potenciadoras de um respeito pelos direitos humanos, pela diversidade linguística e cultural, com fomento de capacidade analítica e crítica sobre o que se lê e ouve.
3. O Consultório continua a dar respostas às múltiplas perguntas que nos fazem chegar. Assim, na área dos estrangeirismos, temos o anglicismo jeans, geralmente classificado como nome dos dois géneros (masculino e feminino) nos registos dicionarísticos. Outros tópicos abordados são o aportuguesamento da palavra bruschetta para brusqueta, ou ainda a forma micro-front-end, que deve escrever-se com hífen. O gentílico referente ao topónimo Meãs talvez mais seguro se associado a uma perífrase, como «os naturais de Meãs», «os moradores de Meãs». O verbo coartar com o sentido de «limitar, restringir», sem relação com coercivo, coercitivo e coerção, palavras semanticamente relacionáveis com o verbo coagir, que significa «obrigar alguém a fazer alguma coisa; forçar». A obrigatoriedade da ênclise (colocação do pronome átono após o verbo), quando o infinitivo vem regido da preposição a. O caso das frases com a preposição + pronome relativo («em que»). Por último, temos o valor aumentativo ou diminutivo do sufixo -oco ou -oca em palavras como dorminhoco, pernoca, passaroco, beijoca, além de um comentário sobre um caso de duas variantes corretas quanto à sua acentuação: clítoris e clitóris.
4. Em A covid-19 na língua ficaram as seguintes novas entradas: ADN, desoxirribonucleico, DNA, uniforme branco e vacinas indianas. E em O Afeganistão de A a Z acrescentaram-se os termos fátua, hadice, madraça, ulema e vaabismo.