As formas -oco/-oca, que correspondem ao masculino e ao feminino, respetivamente, constituem um sufixo que permite derivar um nome a partir de bases nominais (diz-se que é sufixo nominalizador denominal avaliativo) e que exprime um juízo de valor do locutor em relação ao conteúdo semântico da palavra-base1.
Contudo, este juízo de valor não define o valor aumentativo ou diminutivo do substantivo a que -oco/-oca se agrega. A verdade é que -oco/-oca pode ocorrer como aumentativo, como em pernoca, ou como diminutivo, como em passaroco – neste último caso pode ainda ter um valor depreciativo, ou seja, a opção de usar a marca do diminutivo associado ao substantivo tem uma carga depreciativa.
Em ambos os casos, o valor associado ao sufixo pode ainda ser afetivo, isto é, associar -oco/-oca a um substantivo ocorre porque se pretende demonstrar afeto quando se utilizam paravras como beijoca, pernoca, passaroco, bicharoco, dorminhoco, etc. Também sufixos de aumentativo ou diminutivo mais correntes, como -ão (caldeirão) ou -inho (toquezinho), podem revestir-se de intenção afetiva, mas esta carga subjetiva pode não ser tão saliente como a que se associa a -oco/-oca.
1 Ver -oco no Dicionário Houaiss. Sobre sufixos avaliativos, ver a Gramática do Português, Fundação Calouste Gulbenkian, 2013-2020, pp. 3118/3119.