1. As eleições nos Estados Unidos têm lugar no dia 5 de novembro, embora já se encontre a decorrer o período de votação antecipada. Enquanto o mundo está em suspenso aguardando o resultado do sufrágio norte-americano, as ações de campanha vão intensificando o tom com acusações muito graves de ambos os lados.As palavras são, neste contexto, muito poderosas: erguem-se em promessas de um mundo melhor, convertem-se em armas apontadas aos maiores problemas, assinalam os culpados e mostram inimigos a abater.A força retórica do discurso tem sido trabalhada desde a Antiguidade e foi mesmo, durante um longo período de tempo, considerada disciplina fundamental na formação académica porque era tida como um atributo fundamental de qualquer orador. No século XXI, sobretudo por mão dos políticos e dos seus discursos inflamados, continuamos a presenciar a força incrível das palavras que conseguem transformar um cenário normal num profundo negrume ou dourar futuros antecipados. Entre os recursos retóricos mais mobilizados no discurso político, encontramos a metáfora, uma construção conceptual que tem a capacidade de criar cenários no âmbito dos quais famílias de metáforas florescem, sendo colocadas ao serviço das intenções do locutor. Este fenómeno observa-se com toda a clareza no discurso que Donald Trump proferiu em Nova Iorque no domingo, dia 27 de outubro. Aí a metáfora foi colocada ao serviço do desenho de um contexto de guerra que exige medidas extremas, como a Lei Marcial. A professora Carla Marques analisou a construção destas metáforas no seu apontamento intitulado «Convocar a metáfora para ganhar eleições», onde incide sobre o uso da metáfora da guerra no discurso do candidato e nos efeitos que este procura atingir.
2. No Consultório, uma das questões chegadas pretende saber se a palavra segundo pode ser usada como conjunção subordinativa. A resposta apresentada abre as atualizações de hoje. A ela juntam-se oito novas respostas que poderão ser consultadas aqui: «O verbo produtizar»; «Perífrase e locução verbal»; «Modificador: «cortou a meta em primeiro lugar»»; ««Nascido e crescido», «nado e criado»»; «A expressão «conflito de interesses»»; «O que exclamativo + adjetivo»; ««Quer sentar-se» e «quer sentar»» e «Falda e fralda».
3. A propósito das novas rubricas do Ciberdúvidas, recordamos a participação dos professores Carlos Rocha e Carla Marques no programa Páginas de Português, na Antena 2, onde apresentaram os novos projetos e os seus objetivos. As rubricas Ciberdúvidas responde e Ciberdúvidas vai às escolas podem ser acompanhadas no Portal do Ciberdúvidas ou nas redes sociais associadas (Facebook, Youtube, Instagram e TikTok).
4. O uso incorreto do adjetivo caloroso na construção «receção calorosa» com o valor de «hostil; violento» motiva a reflexão do consultor Paulo J. S. Barata, que procura determinar a genealogia do erro neste apontamento disponível na rubrica Pelourinho.
5. O consultor Fernando Pestana reflete sobre as fontes onde a língua deverá encontrar os seus melhores modelos: na literatura ou nos usos quotidianos? A sua visão deste assunto encontra-se explanada no artigo «A dimensão deôntica da linguagem».
6. Na Montra de Livros, apresenta-se a mais recente obra de Onésimo Teotónio de Almeida: Diálogos lusitanos (Quetzal editores). Nela o autor trata «aspetos e figuras da vida literária portuguesa, sobretudo da segunda metade do século XX, até à atualidade norte-americana, centrada principalmente no trumpismo».
7. A concordância do nome gente com a forma verbal que acompanha levanta muitas vezes dúvidas aos falantes. Embora se trate de uma expressão de uso coloquial, há regras que determinam a correção das construções em que ocorre, como nos explica a consultora Inês Gama no seu apontamento (divulgado no programa Páginas de Português, da Antena 2).
8. Devido ao feriado de 1 de novembro, a próxima atualização fica agendada para dia 5 de novembro.