Sobre «Que linda!», não há dúvida de que o vocábulo que, equivalente a quão, modifica o adjetivo linda, de modo que só pode ser classificado como advérbio, pois esta classe gramatical é a única que modifica um adjetivo.
– Que linda ela é!
– Quão linda ela é!
Sobre «Que felicidade em vê-la!» ou «Que amor você tem por ela, meu amigo!», não há consenso entre os gramáticos normativos tradicionais brasileiros: a maioria considera como pronome interrogativo, ou pronome interrogativo de valor exclamativo, ou pronome interrogativo empregado em oração exclamativa, como Napoleão M. de Almeida, Evanildo Bechara, Celso Cunha, Celso Pedro Luft, Carlos E. Faraco e Francisco M. Moura.
No entanto, pela minha experiência de duas décadas como docente no Brasil, atesto que a esmagadora maioria dos professores de português da atualidade, quando tocam nesse ponto, classificam o que ligado a substantivo abstrato (equivalente a quanto(a/s)) da maneira como fazem os gramáticos Domingos P. Cegalla e Amini Boainain Hauy, a saber: pronome indefinido*. Assim, o que, nas duas ocorrências a seguir, seriam classificados como pronome indefinido (indica, intensivamente, uma quantidade indefinida): «Que (= Quanta) felicidade em vê-la!», «Que (= Quanto) amor você tem por ela, meu amigo!».
Que prova, hein? (fácil, difícil, terrível etc.)
Assim, comparem-se:
Que linda tarde! = Quão linda tarde!
Que prova, hein? = Quão (difícil, fácil, terrível) prova, hein?»