1. São já lugar-comum os relatos de equívocos gerados na comunicação entre falantes de português e espanhol. Na perspetiva da língua portuguesa, caindo na ingenuidade de julgar que o parentesco linguístico torna tudo mais fácil, emprega-se, por exemplo, espantoso como elogio – «Madrid é espantosa!» – e ofendem-se certamente os madrilenos, porque o espanhol espantoso pode querer dizer «horrível» e «muito feio». A este caso de «falsos amigos», somam-se muitos outros, como salienta a consultora Inês Gama num apontamento incluído em O Nosso Idioma.
Ver também "O portunhol e os 'falsos amigos' luso-espanhóis". Sobre outros «falsos amigos», por exemplo, os do inglês, com consequências nefastas, ler: “'Falsos amigos': frase e o inglês 'phrase'”, "Coisas da língua", "A tradução de populate", "Efetivamente eficaz e os falsos amigos do inglês" e "Aperceber-se/entender – e não 'realizar'". Crédito da imagem: Gerd Altmann, Pixabay (25/10/2024).
2. Ainda na rubrica O Nosso idioma, dá-se conta de mais um tipo de fraude informática, o quishing, palavra anglo-saxónica que a consultora Sara Mourato comenta, avaliando o seu uso em português e interrogando os limites da pressão terminológica do inglês.
3. Se a concordância verbal com a locução «a gente», de valor equivalente ao do pronome nós, é feita na 3.ª pessoa do singular, então porque o possessivo correspondente é nosso, e não seu? A resposta faz parte da atualização do Consultório, que neste dia conta com um total de oito respostas. Os esclarecimentos distribuem-se por tópicos relativos aos empréstimos (ou palavras importadas), aos nomes próprios, à concordância, à regência nominal, às orações comparativas, aos plural em nomes de unidades de medida e à indeterminação do sujeito numa frase.
4. Prossegue a atualização de conteúdos nas rubricas que o Ciberdúvidas desenvolve nas redes sociais. Assim:
– no episódio 6 de Ciberdúvidas Responde, a consultora Sara Mourato dá indicações para não confundir os usos de «dá-o» e «dá-lo»
– e no episódio 3 de Ciberdúvidas Vai às Escolas, a professora Carla Marques esclarece o que é uma metáfora, com exemplos e pistas para a sua identificação.
Recorde-se ainda que o desafio "Dúvida da Semana" continua ativo, às segundas e às terças no Facebook.
5. Registe-se, em contexto brasileiro, uma corrente das redes sociais, ou, usando o modismo anglicista, trend, que tem viralizado certas gralhas e erros cómicos. É o assunto de duas peças de publicações do grupo Globo, o G1 (22/10/2024) e o GE (23/10/2024), nas quais se recolhem dois exemplos com o seu quê de inesperado: "foge da minha ossada" (correto: «foge da minha alçada») e "medilcre" (correto: medíocre).
6. Quanto aos temas de três dos programas que a rádio pública de Portugal dedica à língua portuguesa:
– Em Língua de Todos, difundido na RDP África, na sexta-feira, 25/10/2024 às 13h20* (repetido no dia seguinte, c. 09h05*), Fátima Mendonça, professora jubilada da Universidade Eduardo Mondlane, aborda os ecos de Camões nos poetas africanos de língua portuguesa.
– Em Páginas de Português, transmitido pela Antena 2, no domingo, 27/10/2024, às 12h30* (repetido no sábado seguinte, 02/11/2024, às 15h30*), os professores Carla Marques e Carlos Rocha apresentam os novos projetos associados à atividade do portal Ciberdúvidas da Língua Portuguesa e discutem o papel deste portal na manutenção de um equilíbrio entre a preservação da norma e a aceitação das mudanças linguísticas. O programa inclui ainda um esclarecimento da consultora Inês Gama acerca da seguinte questão: pode dizer-se «a gente iremos explicar», ou só «a gente irá explicar» é frase correta?
– Igualmente na Antena 2, mencione-se ainda Palavras Cruzadas, programa realizado por Dalila Carvalho, de segunda a sexta, às 09h50* e às 18h50*.
* Hora oficial de Portugal continental.