Ambas as construções são aceitáveis, como se transcreve em (1) e (2):
(1) «A Fama da mitologia tinha tantos olhos quanto penas.»
(2) «A Fama da mitologia tinha tantos olhos quantas penas.»
Numa estrutura comparativa com os operadores tanto… quanto, o primeiro termo de comparação é formado pelo operador tanto comparativo de igualdade associado ao nome, com o qual concorda em género e número (frase (2)). O segundo termo de comparação é constituído pelo operador quanto seguido de oração. Este operador pode ter uma forma invariável, que pode surgir em estruturas comparativas cujo domínio de quantificação é um nome (3), um verbo (4), um advérbio (5) ou um adjetivo (6):
(3) «Ele comeu tantos bolos quanto a Rita comeu.»
(4) «Ele comeu tanto quanto a Rita comeu.»
(5) «Ele comeu tão lentamente quanto a Rita correu.»
(6) «Ele é tão guloso quanto a Rita é.»
É possível também adotar formas variáveis do operador quanto, quando o domínio de quantificação é um nome, com o qual concorda em género e número:
(7) «Ele comeu tantos bolos quantos a Rita comeu.»
(8) «Ele comeu tantas fatias de bolo quantas a Rita comeu.»1
Isto indica que poderíamos admitir a concordância de quanto com penas («quantas penas»). A frase (2) inclui a elipse do verbo, pelo que a sua forma completa será similar à que se apresenta em (2a):
(2a) «A Fama da mitologia tinha tantos olhos quantas eram as penas.»
Disponha sempre!
1. Para mais informações, cf. Marques in Raposo et al., Gramática do Português. Fundação Calouste Gulbenkian, pp. 2150-2154.