1. As Controvérsias disponibilizam um texto do jornalista português Nuno Pacheco (ver Público, de 30/10/2016), com considerações sobre a eventual perda do contraste feito em Portugal entre falamos (com a tónico fechado), 1.ª pessoa do plural no presente do indicativo, e falámos (com a tónico aberto), 1.ª pessoa do plural no pretérito perfeito do indicativo. Observe-se a propósito que no Brasil não parece existir tal diferença, nem fonética nem graficamente; mas sabe-se que, não se tratando de importação brasileira, pratica-se e aceita-se a indistinção na pronúncia lusitana (não na escrita), umas vezes, a favor da vogal fechada (entre muitos falantes do Porto ou do Alentejo), outras a favor da vogal aberta (noutros dialetos nortenhos). É de notar que, em qualquer variedade normativa do português, as formas da 1.ª pessoa do plural do presente e do pretérito perfeito, no indicativo dos verbos regulares da 2.ª e 3.ª conjugações, são homónimas, ficando a sua destrinça a cargo da interpretação do contexto: «vendemos muitos livros todos os dias» vs. «ontem vendemos muitos livros»; «partimos de casa sempre às 7h00» vs. «ontem partimos de casa às 7h00».
2. Nas rubricas Lusofonias, O nosso idioma e Acordo Ortográfico transcrevemos também material jornalístico em que a língua portuguesa é notícia. São casos, com a devida vénia:
– a entrevista que a presidente do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, Ana Paula Laborinho, concedeu ao jornal Expresso (edição de 1/10/2016);
– o artigo "O potencial da língua que maltratamos", da autoria do jornalista Nicolau Santos, publicado no suplemento Economia da mesma edição do semanário Expresso;
– sobre o insulto "Idiota", o apontamento escrito pelo jornalista Luís M. Alves, na revista também do Expresso desse mesmo dia;
– e, no jornal Público, um texto do escritor e jornalista Viriato Teles, contra o Acordo Ortográfico.
3. Em Portugal, foi noticiado o tiroteio de 30 de setembro p. p., numa localidade chamada Porto Alto (freguesia de Samora Correia, no concelho de Benavente); e depressa se instalou a dúvida: diz-se «em Porto Alto», ou «no Porto Alto»? Numa área (aparentemente) mais pacífica, alguém se questiona acerca de um anglicismo usado em informática: é «as cookies» ou «os cookies»? No consultório, encontram-se as respostas a estas e a mais perguntas, a saber: que modo verbal se segue ao advérbio talvez? «Passar para a frente» é pleonasmo? Nas orações que são complemento do verbo pensar, usa-se o indicativo ou o conjuntivo? «Para que» é sempre uma locução conjuncional? Depois de «ele disse que...», é obrigatório seguir-se uma oração com o verbo no pretérito?
4. E falando da comunicação social portuguesa, novamente a marca IKEA se faz ouvir como "iqueia", a rimar com feia. Bruno Nogueira, repita connosco e bem: "iquêa".
5. Comemora-se em 5 de outubro a implantação da República em Portugal, acontecimento ocorrido em 1910. Nos festejos desta data, que fica assinalada em 2016 pela reposição do feriado (suspenso em 2012, com o país sob intervenção da troica) , cabe recordar a origem e o significado de república: do latim res publica, «coisa pública, o Estado, a administração do Estado» (Dicionário Houaiss), a palavra chegou ao nosso dias associada ao conceito de um «sistema político caracterizado pela partilha do poder delegado pela sociedade nos seus representantes eleitos para o exercício do governo da nação, por um tempo determinado» (dicionário da Academia das Ciências de Lisboa). Sobre o tema, leiam-se "Viva a república" e "Vivà república" e As palavras república e monarquia.
6. Justamente por causa do referido feriado, a próxima atualização tem data marcada para o dia 7 de outubro.