A ortografia corresponde a uma distinção de pronúncia que não está generalizada em Portugal. É verdade que, pelo menos na zona de Lisboa, os falantes pronunciam de maneira diferente passamos (no presente) e passámos (no “passado”, ou melhor, no pretérito perfeito do indicativo) : em passamos, o segundo “a” é fechado como o “â” de «câmara»; em passámos, esse “a” é aberto como o de «pá».
Observe-se, porém, que tal distinção é muito menos frequente noutras zonas de Portugal, onde muitos falantes tendem a pronunciar «passamos» e «passámos» de forma igual. Então, como pronunciar? A pergunta é ingrata, porque, se o padrão em que se baseia a ortografia corresponde em grande parte ao falar do Centro-Sul do país, os habitantes do resto do território nacional podem sentir-se discriminados. Neste caso (como em todas as formas dos verbos acabados em “-ar”), é aconselhável que a pronúncia siga a ortografia, mas impõe-se também que comecemos a assumir uma atitude mais consciente e flexível em relação à variedade de pronúncias que existem no espaço de língua portuguesa.
N.E. – Com a aplicação do novo Acordo Ortográfico, é facultativa a grafia sem o acento agudo para o caso que distinguia o pretérito perfeito do presente do indicativo de verbos como amar, andar, entrar, entregar, passar, etc.