21 de março, Dia Mundial da Poesia. Assinalado um pouco por todo lado, permita-se-nos uma referência específica à iniciativa do Teatro Sá da Bandeira, no Porto – que põe em cena, no dia 23, o espetáculo A Minha Pátria é a Língua Portuguesa, com textos de Fernando Pessoa, cruzando-se com os heterónimos Álvaro de Campos, Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Bernardo Soares. Deste, em concreto, lembremo-lo aqui, na rubrica Antologia – onde muitos poemas à volta da língua portuguesa, de autores lusófonos de todos os tempos, se encontram aí coligidos. É o caso deste tão celebrado soneto do brasileiro Olavo Bilac:
Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...
Amo-te assim, desconhecida e obscura
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela
E o arrolo da saudade e da ternura!
Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
Em que da voz materna ouvi: «Meu filho!»
E em que Camões chorou, no exílio amargo
O génio sem ventura e o amor sem brilho!
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