Toda a produção verbal coloca em jogo um equilíbrio essencial entre a informação conhecida (informação já dada, inferida ou retomada) e a informação nova. Designa-se este dinamismo discursivo por progressão temática ou progressão informativa – parâmetro essencial de um texto bem formado. Falamos de coesão semântico-referencial quando estamos a considerar as relações de dependência entre o dado e o novo, focando os meios linguísticos que asseguram os laços dentro do enunciado e entre enunciados.
Os meios comummente invocados como potenciadores de relações coesivas são:
(i) a co-referência [ex.: «A Maria publicou uma colectânea de poesia. O livro foi lançado na Biblioteca Municipal»];
(ii) a anáfora (exs.: «Não te preocupes com o Zé. Ele chega sempre atrasado»; «A Joana não disse uma palavra durante todo o jantar, e isso não indicia nada de bom»);
(iii) encadeamentos de tempos verbais [exs.: a) «O homem entrou no café, pediu uma cerveja, pagou e saiu.» b) «O homem entrou no café, pediu uma cerveja e bebeu-a. Escorria-lhe um pouco pelo queixo.»: em a) a sequência de verbos no pretérito perfeito referencia os eventos como sucedendo-se uns aos outros; em b) a presença do pretérito imperfeito faz com que a acção de «escorrer» seja simultânea à acção de «beber»];
(iv) a elipse (trata-se da supressão de um elemento recuperável pelo contexto; ex.: «Achas que o teu carro é o máximo porque ainda não viste o meu [carro]»;
(v) os conectores (exs.: primeiro, seguidamente, finalmente, depois, etc.).