1. A fonte da teorização sobre coesão está em Hallyday, M. A. K.; Hassan, R., 1976 – Cohesion in English, Londres, Longman. A palavra coesão cobre o conjunto de meios linguísticos que asseguram os laços entre segmentos textuais de diferente composicionalidade, permitindo que um agregado de enunciados apareça sob o “arranjo” de um texto.
Desde então, muitas explorações e taxinomias têm sido feitas. Seria interessante saber a que bibliografia teve acesso e de que maneira ela interferiu na esquematização que apresenta. De qualquer modo, se consultar Coesão referencial, verá que é possível fazer algumas correspondências.
Termos apresentados na sua pergunta
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Termos / definições / exemplos
em
Coesão referencial
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Comentários / definições
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Coesão referencial
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Substituição
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Anáfora
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Reiteração
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Repetição do nome com variação do determinante (de indefinido para definido ou demonstrativo ), fenómeno também designado por «anáfora fiel». Ex.: «A Maria tem muitos problemas em casa . Esses problemas fazem com que ela não tenha um bom desempenho escolar.»
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Coesão recorrencial
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Paralelismos ; recursos fonológicos
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Relativos à identidade estilística do texto e podemos questionar se tais processos pertencem ao fenómeno da coesão ‘stricto sensu’.
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Paráfrase
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Enquanto processo de composição textual, é um mecanismo que serve a expansão, a elaboração, a clarificação ou a explicação de um conteúdo .
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Coesão sequencial
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Temporal
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Explicação /exemplificação sobre encadeamento de tempos verbais e articulação de adverbiais de tempo .
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Conexão
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Explicação /exemplificação sobre conectores .
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Interfrástica: entre duas frases .
Frástica: dentro da frase .
Parafrástica: que envolve sequências compostas por diversas frases .
(Frástico: relativo a frase ).
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2. Importa referir que Halliday e Hassan insistem sobre as marcas linguísticas que fazem do agregado de enunciados um texto [pronominais, conectores, nominalizações, etc.]. Pensaram numa textualidade baseada na forma.
Porém, há outros princípios, para além dos implicados nas relações linguísticas, activados no processo interpretativo – princípios de ordem lógico-semântica (textualidade baseada na informação, dada ou inferida). A este propósito, veja Beaugrande, R. A. de, 1979 – “Text and sentence in discourse planning”, in J. S. Petöfi (ed.), Text vs. Sentence. Basic Questions of Text Linguistics, Hamburgo, Buske.)
Participam ainda na construção do discurso fenómenos como a implicatura e a pressuposição pragmática, activados em processos sequenciais entre actos ilocutórios (coerência pragmático-funcional do discurso).
Sobre a “evolução” do conceito de coesão para o de coerência ver: Fonseca, Joaquim, 1992 – Linguística e Texto/Discurso. Teoria, Descrição, Aplicação, Lisboa, ICALP/Ministério da Educação.