1. Quem o alheio veste na praça o despe – forma rimada de carácter moralizante, como muitos outros provérbios portugueses. E qual é a moral? Alguém que usurpa alguma coisa indevidamente, mais tarde ou mais cedo vem a ser descoberto por todos, publicamente.
2. Quem não tenta não inventa – este não faz parte dos provérbios portugueses. Significa que aquele que se acomoda à situação, que não arrisca, não será nunca alguém que inova, que descobre, que inventa. Poderá corresponder a Quem não arrisca não petisca ou Quem nunca se aventurou não perdeu nem ganhou, in Provérbios & Adágios populares, Cláudia Ribeiro, Planeta Editora.
3. Quem não tem força não levanta peso – também não encontramos este na listagem dos provérbios portugueses, mas tem correspondência, por exemplo com este: Quem não tem panos não arma tendas ou Quem não tem unhas não toca guitarra, significando que alguém com fracos recursos fica limitado à sua situação, não podendo ir mais longe.
4. Quem não se dá com os seus não se dá com ninguém – também esta sentença não faz parte do conjunto de provérbios portugueses: parece significar que o privilégio das relações humanas vai para a família, e que quem não faz isso não o faz com mais ninguém.
5. Quem não se contenta com o pouco o muito não apanha – neste (encontrado em Dicionário de Ditados (Provérbios) e frases feitas, de Deolinda Milhano, 2.ª ed., Edições Colibri, a forma oposta Quem não se contenta com o pouco não se contenta com o muito), estamos perante a apologia da humildade: quem sabe ser humilde tem mais probabilidades de vir a alcançar um nível superior. Poderá corresponder a Muito alcança quem não se cansa.
Das cinco frases, apenas a primeira conseguimos inserir no conjunto dos provérbios portugueses, expressão do património literário popular. As outras farão parte de uma outra comunidade linguística, ou não passarão de frases com valor de moralidades, comummente aceites e de uso generalizado.
Cf. Provérbios, in Portal da Literatura