1. «Tantas vezes cometemos os mesmos erros, ou mesmo atos, que algum dia sofremos as consequências desses erros» é o significado do primeiro provérbio, como regista Madeira Grilo, no seu Dicionário de Provérbios, mas com esta outra formulação: «Tantas vezes o cântaro vai à fonte que (no fim) lá deixa a asa.». Mas há ainda outras: «Tantas vezes vai o cântaro à fonte que se quebra», «Tantas vezes vai o cântaro ao poço, até que lá lhe fica o pescoço» ou «Tantas vezes vai a caldeirinha ao poço que lá fica o pescoço». Ou ainda: «Tantas vezes vai o pote à fonte que duma vez quebra» e «Tantas vezes vai a bilha à fonte até que se quebra».
Outros provérbios com o mesmo sentido: «Tantas vezes vai o cão ao moinho que alguma vez lá lhe fica o focinho», «Tantas vezes vai o porquinho que lá lhe fica o focinho» e «Tantas vezes a mosca vai ao leite (até) que lá fica»1.
2. Quanto ao segundo provérbio — «Quem te manda a ti, sapateiro, tocar rabecão?» —, ele é aplicado, por exemplo, a pessoas que, não tendo conhecimentos suficientes, se atrevem a falar sobre determinados assuntos, que fazem afirmações sobre temas que claramente não dominam, arriscando-se, por isso, a cometer erros grosseiros.
1In O Livro dos Provérbios Portugueses, de José Ricardo Marques da Costa, Lisboa, Editorial Presença, e O Grande Livro dos Provérbios, de José Pedro Machado, Lisboa, Editorial Notícias.
Cf. «Tantas vezes vai o cântaro à fonte que um dia lá deixa a asa» e «Quem te mandou a ti, sapateiro, tocar rabecão?» II, na rubrica O Nosso Idioma.