A literatura é, sabemo-lo todos, um mundo quase infinito de significação, que se vai produzindo no diálogo, individual, mas sem perder a carga coletiva do tempo-espaço quer da produção, quer da receção de uma dada obra. Perante esta realidade, quem poderá dizer qual a leitura, ou interpretação, mais adequada de uma determinada situação? Talvez, recorrendo ao aviso inscrito no muro de Chora-Que-Logo-Bebes, «quem não andar espantado de existir».
No momento em que respondi, e partindo da análise que expus, sintetizei da forma que cita a interpretação que fiz relativamente à alteração do provérbio «Canta, que logo bebes», transformado, na obra, em topónimo com alteração do verbo inicial, sendo o nome da aldeia Chora-Que-Logo-Bebes.
Num local onde a humidade é tanta, que as pessoas ganham verdete, pareceu-me na altura, e parece-me hoje, que beber não será um prémio de grande monta. A meu ver, esse prémio — facultar bebida aos chorões — é mais um elemento que ilustraria o desconcerto que aquela comunidade é. Até porque eles não param de chorar… E, todavia, essa interpretação é possível. A prova é que o consulente a formula!
Eu diria que a sua interpretação não é a ideia, mas é, tal como a minha, mais uma ideia. Porque, em interpretação de obras literárias como a que está em análise, se alguma coisa é proibida, é o uso do advérbio somente. Com ou sem realce. Num grito, ou num sussurro!