No caso de orações subordinadas adverbiais com o verbo no infinitivo (orações adverbiais não finitas), introduzidas por preposições, não é obrigatório que os pronomes pessoais complemento que ocorram nessas subordinadas precedam o verbo. Deste modo, aceitam-se as duas sequências: «para o afastar do poder» e «para afastá-lo do poder».
Este uso é confirmado por Celso Cunha e Lindley Cintra, quando falam em «infinitivos soltos», isto é, que não fazem parte de locuções verbais, na Nova Gramática do Português Contemporâneo (Lisboa, Edições João Sá da Costa, 1984, pág. 312; as iniciais e os números das abonações referem-se à fonte utilizada pelos autores citados):
«[...] Com os INFINITIVOS soltos, mesmo quando modificados por negação, é lícita a PRÓCLISE ou a ÊNCLISE, embora haja acentuada tendência para esta última colocação pronominal:
Para não fitá-lo, deixai cair os olhos.
Para assustá-lo, os soldados atiravam a esmo.
(Carlos Drummond de Andrade, CA, 82.)»
No entanto, no português europeu, como observa Edite Prada em resposta anterior, verifica-se a tendência para a próclise do pronome neste tipo de orações. Mesmo assim, do ponto de vista normativo, não se pode afirmar que a ênclise constitua um erro.