O advérbio já é um atrator de próclise, como se confirma pelo contraste entre as frases (1) e (2):
(1) «Dei-lhe uma prenda.»
(2) «Já lhe dei uma prenda.»
A frase apresentada pela consulente, aqui reproduzida em (3), inclui o advérbio já, que atrai o pronome para uma posição proclítica. Este mesmo pronome regressaria à posição tradicional, a enclítica, caso o advérbio fosse retirado da frase (4):
(3) «Já lhes digo.»
(4) «Eu digo-lhes.»
A segunda frase apresentada pela consulente (5) tem uma estrutura complexa, composta por um verbo subordinante (vir) e uma oração subordinada completiva com verbo infinitivo (chamar):
(5) «Venho já chamá-lo.»
Quando surge um desencadeador de próclise no interior destas orações subordinadas, normalmente o pronome é atraído para a posição proclítica, como se confirma pelo contraste entre (6) e (7):
(6) «Decidiu não o chamar.»
(7) «Decidiu chamá-lo.»
No caso agora em apreço (frase (5)), o advérbio já não atrai o pronome para a posição proclítica porque já não pertence à oração subordinada, mas sim à subordinante, como se representa na divisão da frase em orações:
(5a) «[venho já] [chamá-lo].»
Isto significa que já não incide sobre o verbo chamar mas sim sobre o verbo vir, logo não exerce atração sobre o pronome clítico.
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