DÚVIDAS

Travessão e duplo hífen

Tipicamente, a escrita feita através do computador, como a mensagem que neste momento vos dirijo, não contempla a utilização dos travessões. Não creio que seja rigorosamente o mesmo usar em alternativa um hífen. Há “software” de edição de texto, como o “Word”, que substitui automaticamente o hífen por um travessão, mas muitas das vezes, como é o caso agora, não escrevemos em programas dedicados à edição. Existe outra alternativa, mais trabalhosa, através da utilização de códigos ASCII (Alt+0151 no teclado numérico, que corresponde a este caractere: –).
Frequentemente, opto por outra alternativa, menos rigorosa e menos trabalhosa, que é a utilização de dois hífens. Até que ponto é aconselhável ou, pelo contrário, de evitar?

Resposta

É fácil com o `Word´ do `Windows´ conseguir a grafia do travessão. Na janela de inserir, clicar símbolos e procurar, nos vários tipos de letras, o travessão com o comprimento que nos interessa. Penso que a maioria dos programas permite um recurso deste género.

Se não for este o seu caso, dado que o teclado não tem o travessão, não vejo de facto outra solução, embora pouco canónica, senão o duplo hífen (mas com espaço antes do primeiro e depois do segundo hífen). Diz o povo que «Quem não tem cão caça com gato...»

Notar que o duplo hífen já é um signo frequente nesta nova era da escrita por computador. Acontece (por ignorância de utilizar convenientemente o programa) nas palavras unidas por hífen quando se duplica manualmente o hífen na translineação, e, depois, o conjunto aparece não dividido silabicamente no hífen, com nova formatação do texto. Ora, o signo novo não faz confusão, dado que neste caso não há espaços entre os hífen(e)s e os constituintes do composto. Quem usa o computador percebe logo o que aconteceu.

Havendo espaços antes e depois dos hífen(e)s, a ligação entre palavras deixa de se fazer, e o receptor estranha mas acaba por perceber que se trata de um símbolo de separação, o que é suficiente para uma mensagem (embora sem a qualidade formal imposta pelas normas), com as características indispensáveis para a transmissão da ideia. Quem usa o computador entende que se trata de um recurso para substituir um travessão que não se conseguiu digitar.

No fundo, será mais uma adaptação aos novos tempos, em que se sacrifica a perfeição formal (palavras até muitas vezes sem acentos) à incrível rapidez, quase infinidade de dados e multiplicidade de processos que nos permite agora a ferramenta mental da informática.

 

Cf. Emprego do hífen + O uso do hífen e do travessão 

 


Ao seu dispor, 

ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa