Há diferenças. A barra oblíqua (/) é mais comum e tem múltiplos usos. Um dos mais frequentes é o seu uso na linguagem corrente com o significado de ou em palavras aparentadas (ex.: óleo/azeite) ou em oposição (ex.: água/vinho). É igualmente usada com o valor simultâneo de e e de ou na comummente utilizada expressão e/ou (ex.: «pode utilizar lápis e/ou esferográfica», ou seja, pode utilizar lápis, esferográfica ou ambos). Integra o símbolo das percentagens (ex.: 1%) e das permilagens (ex.: 1‰) e é também usada como sinal de separação em frações (ex.: ½), em abreviaturas (ex.: A/C – «ao cuidado de»; R/C - «rés-do-chão»), ou em datas (ex.: «dia/mês/ano», a ordem mais comum entre nós; ou «ano/mês/dia», a ordem mais comum nos países anglo-saxónicos). É também usada como substituto de por em expressões numéricas (ex.: «a velocidade máxima são 120 km/h»). Ainda com o valor de ou é utilizada para indicar números de telefone alternativos (ex.: 21 798 20 00/01). E na referenciação de leis, decretos-lei e outras tipologias jurídicas usa-se para separar o número do diploma do respetivo ano (ex.: «Decreto-lei n.º 3/2017»).
Tem ainda usos em áreas mais específicas. Por exemplo, na catalogação de documentos é utilizada para separar o título da obras do(s) respetivo(s) autor(es) e de outras menções de responsabilidade (ex: Os Maias / Eça de Queirós), e nas pesquisas mais complexas em bases de dados bibliográficas – assentes na álgebra booleana, baseada na teoria dos conjuntos – um dos operadores booleanos é «OU» («OR»), por vezes representado por «/» ou por «|». Este operador «OR» permite combinar diversas palavras-chave de modo a que pelo menos uma delas corresponda ao tema da pesquisa. É igualmente usada na classificação de documentos utilizando a CDU (Classificação Decimal Universal), como sinal de extensão, com o valor de entre, para representar assuntos, locais e datas (ex.: 1920/1930, significando que o período abordado pela obra classificada é a década de 20 do século passado). Também na revisão de provas é usada quer para marcar uma letra ou espaço a suprimir, quer para iniciar e separar, à margem, as diferentes indicações tipográficas. Igualmente na transcrição paleográfica, segundo o critério mais comum, a barra oblíqua «/» serve para assinalar o fim de linha e a dupla barra oblíqua «//» para assinalar o fim de fólio. E em citações de poesia sem mudança de linha, a barra oblíqua separa linhas e a dupla barra oblíqua separa estrofes. É ainda utilizada em linguística para indicar os fonemas (ex.: /x/) e na translineação quando algumas das sílabas de uma palavra têm de passar para a linha de baixo (ex.: pa/ lavra). E – claro – tem também uso em informática na sintaxe de linguagens de programação. Os sistemas operativos Unix e Linux, por exemplo, usam a barra oblíqua como separador de pastas (diretórios). E nos endereços das páginas de Internet ou da World Wide Web, é também utilizada para separar as diferentes partes dos mesmos (ex.: https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/quem-somos/contactos/937). É ainda usada como sinal aritmético da divisão em diversos programas e nas calculadoras eletrónicas (ex.: 10/3+5). Dependendo da linguagem de programação, a barra oblíqua pode corresponder à divisão comum (ex.: 7/2=3.5) ou à divisão inteira (ex.: 7/2=3 [resto 1]).
Já a barra inversa ou invertida é bastante menos comum. Porventura por a sua generalização ser mais recente. Não será alheio a isto o facto de há muito usarmos, na forma manuscrita, a barra oblíqua, e de, por essa razão, ela ter passado depois para os teclados das máquinas de escrever. Ao passo que a barra invertida apenas se generalizou com a informática e com a maior gama de caracteres oferecida pelos teclados dos computadores. É sobretudo usada em informática, com diferentes funções, em diversas sintaxes de linguagens de programação. Um dos exemplos mais conhecidos é a separação das pastas em MS-DOS, que serve de base ao conhecido Windows (ex.: C:\Users\pbarata\Documents). Em algumas linguagens de programação, como o Visual Basic, por exemplo, a divisão inteira também é representada pelo símbolo «\». Acresce que também tem usos noutras áreas específicas como por exemplo na transcrição paleográfica em que a dupla barra invertida «\\» é igualmente usada – de acordo com alguns critérios – para assinalar o final do fólio transcrito, isto quando a dupla barra oblíqua «//» já foi utilizada antes para assinalar um duplo sinal de pausa.
P.S. – Agradecemos ao Prof. João Alves Dias e ao Dr. Luís Damas algumas informações prestadas.