Na frase em apreço, o verbo partir é interpretado como um verbo de movimento, que subentende uma deslocação de um local para outro.
Nesse sentido, embora possa não o ter expresso, suporta, ou admite, um complemento oblíquo que designe o ponto de chegada, podendo, em alguns casos, completar-se, igualmente, com um outro complemento oblíquo que designe o ponto de partida.
O que pode ser surpreendente na frase em apreço é o facto de o ponto de chegada continuar, afinal, desconhecido, dado ser representado por um advérbio que apenas nos dá uma ideia de que o ponto de chegada será longe. Todavia, «para longe» pode se substituído por «para Lisboa».
Por outro lado, se fizermos o teste pregunta-resposta, verificamos que há uma estreita ligação entre o grupo preposicional e o verbo:
1 – P. – *O que fez o Bobo para longe?
R. – Partiu.
2 – P. – O que fez o Bobo?
R. – Partiu para longe.
Tendo em conta o exposto, poderemos dizer que «para longe» é complemento oblíquo, e não modificador do grupo verbal.
Note-se ainda que, ainda que seja comum a não expressão do complemento com os verbos de movimento, outros casos há em que um complemto pode não vir expresso. Lembremo-nos, por exemplo, de verbos como comer, ler ou escrever.