Estando o estado de coisas descrito pela oração gerundiva («matando quase nove mil pessoas») sobreposto ou sendo ele posterior ao estado de coisas referido pela subordinante e se a oração gerundiva aparece depois da principal, como acontece no caso apresentado, é possível empregar tanto o gerúndio simples como o gerúndio composto. Esta possibilidade vem descrita na Gramática do Português da Fundação Calouste Gulbenkian (2013, p. 550/551):
«Consideremos agora a ocorrência das orações gerundivas em posição final. Quando há sobreposição temporal [...], a leitura mantém-se, independentemente da ordem, como ilustram os exemplos (89):
(89) a. A atleta percorreu as ruas da cidade, levando a tocha olímpica.
b. A Maria faltou ao trabalho, estando doente.
c. A Maria teve uma cãibra, nadando no lago.
Quando não há sobreposição, a relação temporal inverte-se relativamente aos casos de (88); ou seja, a interpretação é a de posterioridade temporal relativamente ao tempo da reação principal, como se ilustra em (90):
(90) a. O diretor assinou o documento, saindo do banco pouco depois.
b. A Maria desmaiou, batendo com a cabeça na esquina da porta.
c. A Joana subiu as escadas, entrando de rompante no quarto do filho. [...]»
O confronto da frase em questão com os exemplos da citação permite inferir que, dado a oração gerundiva em apreço marcar a consequência do evento referido pela principal, há uma relação de posterioridade que legitimamente se associa ao gerúndio simples. Tal não exclui, porém, a possibilidade de uso do gerúndio composto, como se pode verificar pela mesma fonte:
«[...] quando a oração gerundiva segue a oração principal, a interpretação pode ser quer de anterioridade quer de posterioridade, dependendo de factores semânticos e pragmáticos:
(92) a. A Maria desmaiou, tendo batido com a cabeça na esquina.
[...] a interpretação pragmaticamente mais natural de (92a) é aquela em que a pancada é posterior ao desmaio [...].»
Nestas citações da Gramática do Português, não se diz que o uso de um gerúndio ou de outro seja impossível e tido por incorreto pelos falantes. Ou seja, depois de uma oração cujo verbo se encontre no pretérito perfeito, é possível empregar quer o gerúndio simples quer o composto, se se pretender marcar um evento posterior ao que é representado pela oração principal.