1 – A expressão «de ambos os sexos» é ambígua à partida. Alguma da ambiguidade
é-lhe retirada pelo conhecimento que temos do mundo, pois todos nós sabemos que, ainda que possam existir seres hermafroditas, ou seja, com ambos os sexos, esse fenómeno não é tão comum que possam ser apontados quatro indivíduos com tais características num contexto como o descrito. Quanto ao número de indivíduos de cada sexo – hoje começa a ouvir-se, com alguma frequência, falar de género – presentes no grupo de quatro, nada na expressão nos permite concluir se a relação é 1 + 3, ou 2 + 2. Sabemos apenas que, no grupo de quatro, ambos os sexos estão representados.
2 – O conjuntivo «estejam» está em concatenação, ou seja, correlacionado, com a forma verbal «acredita». O facto de esta forma verbal estar no presente recomenda a utilização do presente na frase subordinada: acredita que estejam…. Esta estrutura permite, ainda que não exija, o uso do conjuntivo em vez do indicativo, alterando o sentido. Se se utilizar o presente, veicula-se uma ideia de certeza: acredita que estão… Se se optar pelo conjuntivo, o valor predominante é o de hipótese. A Polícia Judiciária coloca, ou formula, a hipótese de ainda estarem a monte quatro indivíduos.
O uso do imperfeito «estivessem» ou o do condicional «estariam» seriam, a meu ver, opções adequadas se coexistissem duas situações:
se o verbo da frase subordinante estivesse no passado;
se, preferivelmente, em vez de acreditar, o verbo fosse, por exemplo, pensar.
(1) (?)A PJ acreditou que estivessem a monte.
(1.1) A PJ pensou que estivessem a monte.
(2) A PJ acreditou que estariam a monte.
(2.1) A PJ pensou que estariam a monte.