1. Estão correctas as frases apresentadas em 1) e 2):
a) «Deveria/devia haver pessoas que trabalhassem mais.»
b) «Deve haver pessoas que trabalhem mais.»
Trata-se de frases complexas constituídas por uma oração subordinante e uma subordinada adjectiva relativa (oração iniciada pelo pronome relativo que).
As orações subordinantes em apreço têm valor hipotético, que lhes é conferido pelo verbo auxiliar modal dever. Por esse motivo, a oração relativa tem também o verbo no conjuntivo, existindo uma relação de implicação entre o tempo e o modo da oração subordinante e o tempo e o modo da subordinada.
Assim, se a oração subordinante tiver o verbo no pretérito imperfeito do indicativo ou no condicional, a oração subordinada tem o verbo no pretérito imperfeito do conjuntivo:
«Devia/deveria haver pessoas que trabalhassem mais.»
Se a oração subordinante tiver o verbo no presente do indicativo, o verbo da oração subordinada vai para o presente do conjuntivo:
«Deve haver pessoas que trabalhem mais.»
2. Já na última frase, essa relação não se verifica, pelo que o verbo da oração relativa deve ir para o pretérito imperfeito do conjuntivo e não para o presente do conjuntivo:
«Devia/deveria haver pessoas que trabalhassem mais.»
3. Ambos os tempos, presente do conjuntivo e pretérito imperfeito do conjuntivo, articulados com a forma verbal da oração anterior, exprimem um facto possível, desejado e duvidoso:
a) «Deve haver pessoas que trabalhem mais.»
b) «Devia/deveria haver pessoas que trabalhassem mais.»
Em a), o presente do conjuntivo indica um facto possível de se realizar no presente ou no futuro.
Em b), o pretérito imperfeito do conjuntivo indica um facto que poderá ter-se realizado no passado ou que é passível de vir a realizar-se no futuro. Exprime uma maior dúvida do que em a): sugere-se que deveria haver, mas que não há.