A posição neutra ou canónica do constituinte com função sintática de sujeito é a pré-verbal, ou seja, a colocação do sujeito antes do verbo.
A opção pela posição pós-verbal pode prender-se com a intenção de colocar o foco noutro constituinte da frase, como acontece na frase (1), na qual se pretende destacar o complemento direto:
(1) «O bolo, fê-lo o João.»
Podemos assinalar ainda um conjunto de contextos sintáticos que, habitualmente, suscitam a posposição do sujeito ao verbo:
(i) orações interrogativas, introduzidas por pronomes e advérbios interrogativos (quem, que, o que, quanto, qual, como, quando, onde…), que não sejam sujeito: «Onde foi o João?»
(ii) orações exclamativas: «Que inspirador era aquele livro!»
(iii) com a forma imperativa: «Faz tu este trabalho!»
(iv) orações subordinadas substantivas completivas com função de sujeito: «É certo que vamos contigo!»
(v) orações reduzidas de gerúndio ou participiais: «Fazendo o trabalho, percebi a sua dificuldade.», «Feito o trabalho, fui descansar.»
(vi) orações subordinadas adverbiais condicionais construídas sem conjunção: «Pensasse ele em ti, nada teria acontecido.»
(vii) orações absolutas construídas com o verbo no conjuntivo para denotar ordem ou desejo: «Que venha o calor!»
(viii) orações intercaladas de citação «- Vamos - disse ele.»
Relativamente às frases apresentadas pelo consulente, a posposição do sujeito é entendida como a posição mais natural devido ao contexto enunciado em (i), a que acresce uma construção de foco, no segundo grupo de frases. Note-se, todavia, que nas várias situações a colocação do sujeito pode ser pré-verbal ou pós-verbal.
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Nota. Foram consultadas as gramáticas: Bechara, E., Moderna Gramática Portuguesa. Editora Nova Fronteira, 2009; Cunha, C. e Cintra, L., Nova Gramática do Português Contemporâneo. Ed. Sá da Costa, 1988.